Há algum tempo acompanho o psicomães da Cristine e da
Taciana. Fiquei muito feliz com o convite que recebi para participar desse
espaço. Assim como as meninas, também sou psicóloga. Trabalhei por quase 10
anos na área organizacional, onde vivi experiências que não só me fizeram
crescer profissionalmente, mas principalmente como ser humano.
Recentemente concluí o mestrado em psicologia, com enfoque em
psicologia social do trabalho. O universo do trabalho sempre me encantou e há
alguns anos encontrei o melhor caminho para me satisfazer profissionalmente
através do mestrado e do ensino da psicologia.
Considero-me fortalezense. Nasci em São Paulo capital, mas
raramente lembro-me disso, só mesmo quando estou preenchendo formulários
importantes que perguntam minha naturalidade e ainda paro para pensar. Vivi até
os 10 anos em São Paulo. E até os 30 em Fortaleza. Acompanhando o marido
concurseiro e agora concursado mudei-me para o centro–oeste do Brasil. Primeiro
passamos um ano e meio em Cuiabá, no qual devido ao mestrado em Fortaleza, tive
que me dividir entre Fortaleza e Cuiabá por um ano. Há uns 9 meses nos mudamos
novamente. Ele passou em outro concurso, melhor que o anterior e então nos
mudamos agora para uma cidade no interior de Goiás, chamada Jataí. Ela fica no
sudoeste do estado, já no finzinho mesmo, perto do Mato Grosso do Sul.
Há pouco mais de três anos encerrei minha carreira na área
organizacional para me dedicar ao mestrado e a vida acadêmica. O que em muito
contribuiu para acompanhar o marido concurseiro/concursado. Ao mesmo tempo em
que me dediquei ao que mais gosto de fazer estudar, aprender coisas novas.
Como psicóloga já estudei da psicanálise à análise
comportamental. Passei anos estudando essa última. Contudo, chegou um momento
em que tal abordagem não satisfazia mais as minhas questões, não me dava mais
as respostas que eu procurava além de não ser mais compatível com minha visão
de mundo. Ainda tenho profundo respeito pela AC, e consigo entender boa parte
de uma conversa entre psicólogos ACs, como é o caso da minha amiga Cristine.
Hoje sou mais psicóloga social do que qualquer outra coisa,
com inspirações na psicanálise e em Vygotsky, a quem ainda conheço muito pouco
ainda, mais tenho me esforçado por conhecer mais.
No entanto, o trabalho ao qual me dedico há pouco mais de 4
meses com quase que total exclusividade é gerar uma nova vida. Isso mesmo,
estou gestante. E é o melhor trabalho do mundo.
Considerando trabalho como aquilo que você faz, uma atividade
que você realiza e que dá um sentido, um significado a sua vida, que lhe
diferencia das outras pessoas, aquilo pelo qual você se nomeia, se coloca no
mundo. Posso dizer que seguramente meu trabalho nos últimos 4 meses tem sido
gestar o Nicolas.
Recebi um convite para ensinar numa faculdade numa cidade
vizinha a minha, pouco antes de engravidar, seria para começar no segundo
semestre de 2013. Contudo, no meio do mês de junho descobri a gravidez e declinei
do convite. Teria que viajar 110km por dia, logo no início da gestação. E essa
foi uma das minhas primeiras decisões de mãe.
Logo que recebi o exame positivo uma sensação de que meu
corpo não era só meu e de incerteza tomou conta de mim. Incerteza do que viria
pela frente, um mundo novo totalmente desconhecido. Mundo no qual eu queria
imensamente entrar. Então, pensando que eu não tinha ideia do que viria pela
frente tomei a decisão de declinar do convite de trabalho e passar esses 9
meses gestando.
Minha gravidez foi muito planejada e desejada e por isso
também não estar trabalhando remuneradamente nesse momento não é um problema,
pois essa possibilidade foi calculada. Embora eu esperasse ter engravidado no
meio do segundo semestre e não logo na primeira tentativa. Mas, foi um presente
maravilhoso ser agraciada logo de primeira com o exame positivo.
Também não seria justo com a instituição que me contratava
começar um trabalho num momento que minha única certeza é de que eu não poderia
assegurar nada sobre mim, pois eu não tinha nenhuma garantia sobre mim, sobre
meu corpo como tudo aconteceria na gestação. O que eu sabia é que eu dividia o
meu corpo com outro ser humano, que é metade meu e metade do meu marido, e que
eu faria e faço qualquer coisa para assegurar seu melhor desenvolvimento.
De modo que, costumo me intitular, atualmente, como
profissional gestante e eterna estudante. Agora, colaboradora do psicomães.
Onde pretendo dividir minhas experiências desse “trabalho” de gestar e ir se
tornando mãe.
Acredito que às vezes estarei aqui como psicóloga social, às
vezes como mãe, e às vezes tudo junto e misturado. Espero aprender muito nas
trocas que acontecerão entre nós e também contribuir um pouco com a vida
daqueles que me lerem.
Até a próxima postagem!
Abraços do centro-oeste brasileiro!
Vanessa Nascimento