Imagine que tem uma classe com 9
alunos: Elis, Pablo, Ronaldo, Getúlio, Chico, Charles, Jean, Sheldon e J.K.
- Pablo, ao descuido do professor, está
pintando a parede do fundo da sala.
- Ronaldo não para quieto, pois
no próximo período tem aula de Educação Física.
- Getúlio está preocupado em
montar sua chapa para o grêmio estudantil e não prestou atenção em nenhuma palavra do
professor.
- Chico, apesar de muito
introspectivo, está sempre conversando baixinho, preocupado com os problemas
dos colegas.
- Charles, diariamente, traz um
inseto novo para impressionar os rapazes e assustar as meninas.
- Jean está rabiscando coisas
absurdas à margem do caderno.
- Sheldon parece distante,
enquanto resolve problemas de física na aula que é de geografia.
- J.K. está escrevendo sem parar
em pedaços de papel amassado.
Em uma palavra, como definiria
essa turma? Que postura você acha que o professor deveria tomar? E se seu filho
fosse um deles, que posição tomaria a respeito?
Agora pense de novo:
E se Elis fosse Elis Regina,
Pablo fosse Picasso, Ronaldo fosse gaúcho, Getúlio fosse Vargas, Chico fosse
Xavier, Charles fosse Darwin, Jean fosse Paul Sartre, Sheldon fosse Cooper e
J.K fosse Rowling?
Você estaria frente a uma turma
"normal", "adversa", "indisciplinada"? Ou seriam
alunos desenvolvendo diferentes tipos de inteligências e, talvez, um dia fossem
reconhecidos mundialmente por suas habilidades, cada um em sua área? (Situação copiada do facebook do blog Lendo.org)
Muitas vezes as crianças chegam
em nossas clínicas trazidas pelos pais com queixas de serem distraídos,
desinteressados,dispersos, ou “hiperativos”. Quando na verdade só são “desconhecidos”
para os pais.
Já falei isso em diversas
postagens: Conheça seu filho! Saiba do que ele gosta, que habilidades tem, quem
são os amigos, que fazem quando estão juntos.
Não quero dizer com isso que a
educação formal deva ficar de lado. Não é isso! Não é por que seu filho tem
potencial para ser um grande jogador de futebol, que vai tirá-lo da escola para
que ele treine mais horas por dia. É uma questão de oportunizar, de organizar o
tempo.
Explicando melhor. Lembre-se dos
dissabores que tem na sua vida profissional, todas as profissões e posições
hierárquicas enfrentam desafios e situações complicadas. Mas quando acontecem
situações assim, você tem como lembrar do que te mantém neste trabalho, que
recompensa você ganha por fazê-lo bem feito, seja o reconhecimento, seja o
sorriso do cliente satisfeito, ou só mesmo o salário no fim do mês. Agora
imagine passar por tudo sem vislumbrar nenhuma recompensa, só por que alguém
lhe disse que era sua obrigação e que é bom para o seu futuro. Futuro esse que
parece longínquo, incerto e chato.
Ninguém pensa, sente, ou sonha exatamente da mesma forma que outra pessoa. É preciso respeitar a individualidade de cada ser humano.
Claro que nem todas as crianças
e adolescentes se dão mal na escola, estas realmente gostam da atividade de
estudar, ou são boas seguidoras de regras, ou vivem sob a pressão de ameaça de
punição. Já atendi uma criança (não vou especificar se era menino, ou menina
para preservar a questão do sigilo), mas para ela (a criança) tirar um 10,00
tinha como conseqüência pura e simplesmente a sensação de alívio. Agora pense,
se um 10,00 é só alívio do tipo: “Ufa! Consegui...” o que será necessário para
que sinta real alegria? Quando vai poder se orgulhar?
Voltando à nossa classe de
talentos. Se você reconheceu que seu filho tem interesses além do conteúdo
formal da escola, oportunize situações e momentos em que possa extravasar, praticar,
vivenciar o que realmente gosta de fazer. Isso facilitará muito no hábito da
disciplina, a ter paciência de esperar a hora certa de fazer o que se quer
fazer, de saber que cumprida a obrigação se tem a certeza da diversão.
Repito: conheça seu filho. A
escola pode até ajudar a identificar possíveis talentos suprimidos, mas isso
depende muito da qualidade da escola, da sua proposta pedagógica, da quantidade
de alunos. Porém para a escola, por mais atenciosa que seja a equipe
multidisciplinar de professoras, pedagogas, psicólogas, não é possível ter o
olhar individualizado que só os pais podem ter. Mesmo que a criança passe o dia
na escola, cada professora só passa 1 ano com uma turma de alunos, por mais atenciosa
que seja ela não foi testemunha de desenvolvimento da criança até o momento em
que se encontra. E mesmo que fosse possível, não é papel dela.
Todas nós queremos o melhor para
os nossos filhos. Fazemos o que achamos que é melhor para o futuro deles. Mas
atenção: pense em ajudar a seu filho a ser mais feliz HOJE.
... e seja você também mais
feliz hoje. Do amanhã, ninguém sabe...
De uma mãe/psicóloga feliz!!!!
Cristine Cabral
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