Eu e ela em algum momento de 1976 |
Hoje é o aniversário da minha mãe e a melhor forma que
encontrei de homenageá-la foi fazendo este post.
O que falar da nossa relação? Que tem altos e baixos?
Sempre! Momentos mais próximos ou mais distantes? Sim. Assim como qualquer
outro tipo de relação.
Eu já fiz raiva. Ela a mim. E quem nunca fez raiva a alguém?
Eu já a decepcionei. Ela a mim. E quem nunca decepcionou
alguém?
Eu já a deixei triste. Ela a mim. E quem nunca deixou alguém
triste?
Eu já a fiz muito feliz. Ela a mim. E quem nunca deu
felicidade a alguém?
Eu já a deixei orgulhosa. Ela a mim. E quem nunca se
orgulhou de alguém?
É assim! E quanto mais próxima, mais longa, mais conturbada pode ser a relação. Principalmente somada aos famosos conflitos de geração, diferenças
de valores pessoais e personalidades marcantes e difíceis.
Eventualmente temos nossos desacordos e quando isso acontece
nos recolhemos. Digerimos, ou ruminamos (depende da gravidade da situação) o
que quer que seja e com algum tempo (maior ou menor de acordo com o que seja)
voltamos ao normal. Sem DR (discutir a relação). Sem pingos nos “i’s” ou cortes
nos “t’s”.
Simples assim. Dessa forma resolvemos nossos conflitos. Em silêncio. (Depois que me tornei adulta, quando eu era criança minha mãe gritava um bocado, assim como boa parte das mães que cuidam das crianças, da casa, trabalham, etc.)
NÃO é a MELHOR forma, nem a forma CORRETA. É só a NOSSA
forma. Funciona! E ponto final.
Sem DR, pois no fundo sabemos que não podemos mudar uma à
outra (embora por muitos anos ela tenha tentado mudar várias coisas em mim. Mas
isso é papel de mãe: tentar moldar os filhos àquilo que é considerado por ela o
melhor).
Aceitamo-nos com cada um de nossos defeitos e os toleramos,
pois sabemos que não podemos viver uma sem a outra.
Eu e ela em algum momento de 1976 |
Embora eu saiba que um dia teremos que nos separar
definitivamente. Não há por que negar a realidade. (Como não pensar nisso, já que amanhã é o primeiro Dia dos Pais, sem meu pai?) Vivo na esperança que este
dia demore bastante. Que só venha quando ela já for tataravó dos meus bisnetos.
E que eu não vá antes dela. Não por egoísmo de achar que minha vida vale mais
que a dela, mas para que ela não sofra a dor de me perder, já que nenhuma mãe
jamais deveria passar pela dor de perder um filho.
A vida já levou meu pai, mas eu ainda tenho minha mãe. Foi ela que me alimentou, que cuidou de mim doente, que ensinou-me a caminhar com minhas próprias
pernas (no sentido denotativo e conotativo), que me levou às festas (não só ir
deixar e buscar, mas estar lá), quem eu podia chamar a qualquer hora do dia ou da noite, por qualquer imprevisto e tantas coisas mais...
Eu e ela em algum momento de 2014 |
Certamente cometerei os meus erros como mãe, já que sou
imperfeita como qualquer outro ser humano. E a minha relação com minha filha
não terá a mesma forma, mas será igualmente cúmplice.
Vinícius de Moraes dizia “O perdão também cansa de perdoar.”
Mas uma mãe nunca cansa de perdoar. E os filhos, cansam? Eu, não!
Imagino que depois de ler isso, possivelmente depois de algumas lágrimas,
ela não vá comentar, a não ser por escrito (pois pode esconder o choro (se vier) atrás da
tela do computador), já que tenho uma mãe de emoções (todas!) à flor da pele e de
intensidade homéricas. Então não precisa dizer... eu sei!
Feliz aniversário e muitos, muitos, muitos anos de vida! Amo-te!
Cristine Cabral
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