Como psicóloga conheço
diversas teorias, como profissional escolhi atuar com a Análise do
Comportamento e como mãe ponho muito do meu conhecimento teórico em
prática. O que me deixa bastante segura quanto aos resultados.
Mas e quem é só mãe?
Que teoria seguir? Qual dos especialistas ouvir? Por que mesmo dentro
da psicologia existem diversas abordagens e explicações sobre o
desenvolvimento infantil. Me lembrei logo da uma frase que li
recentemente no livro “Modernidade Líquida” de Bauman que hoje
“...
não se pode errar, também não pode saber se se está certo.”
Acredito que ninguém mais do que uma mãe sofre com essa eterna
dúvida.
Vou
considerar neste contexto teoria como sendo algo que uma autoridade
no assunto orienta a mãe a fazer e não trabalhos científicos,
pesquisas ou coisas do gênero. Assim sendo toda e qualquer mãe ouve
teorias sobre como educar seus filhos. No caso de sociedades ditas
“primitivas” estes especialistas são os mais velhos.
Neste
momento me veio à cabeça as mães de algumas tribos africanas que
praticam a escarificação, que é uma forma de modificação
corporal na qual são feitas feridas com profundidade suficiente para
que fiquem cicatrizes. Quanto mais visível melhor. Quem tiver
estomago, pode procurar imagens no Google, mas vou logo adiantando
que não são nada agradáveis, principalmente as fotos de crianças.
Por
que as mães permitem que seus filhos passem por esse sofrimento
todo? Porque na cultura delas as cicatrizes significam orgulho da
família, proteção contra a morte, força, coragem e até
beleza. E qual a mãe que não quer tudo isso para seus filhos? (Mais
em: http://tattoos.lovetoknow.com/Africa_Scarification_History)
Cabe
a cada uma pensar se a fonte da sua teoria é confiável o
suficiente. E no caso de discordância? Então tem-se que ter coragem
para enfrentar tudo e todos. Como fez o irmão da índiazinha Hakani,
que a tirou do buraco no qual a menina havia sido enterrada vida. Tal
responsabilidade passou para o irmão de Hakani, após os pais terem
se suicidado, pois não tiveram coragem de matar a menina como a
teoria local afirmava que deveria ser feito, mas não tiveram coragem
suficiente para enfrentar toda a tribo. (Mais em:
http://www.hakani.org/pt/historia_hakani.asp)
Assim
concluo que a tarefa de ser mãe é realmente muito especial, pois
temos sempre que estar equilibrando os dois lados da balança na hora
de tomar todas as decisões referentes à criação de nossos filhos.
A nossa palavra de ordem aqui neste blog será sempre EQUILÍBRIO. Não estamos dizendo que é fácil, mas é extremamente NECESSÁRIO.
Em
outra oportunidade falarei sobre essa eterna busca pela perfeição,
impossível de ser alcançada, mas extremamente auto-cobrada por cada
mãe. Não necessariamente na próxima terça-feira. Acompanhe-nos.
E você? Já precisou fazer alguma escolha muito difícil? Compartilhe sua história conosco.
Cristine
Cabral
Sabe, Cristine, a nossa cultura ( que somos nós) através de seus discursos normativos, indica os modelos educativos disciplinares reguladores da vida. A ciência desdobrada na psicologia e pedagogia, por exemplo, são tecnicas práticas desse discurso. Eu diria que acredito numa terceira via, daquilo que a vida nos solicita; das eperiências que nos marcam com prazer e dor, como inscrições daquilo que experimentamos viver nas criações nossas de cada dia e que não cabe no controle estério de certeza e erro das teorias científicas.
ResponderExcluirGosto muito dessa citação de Deleuze: " (...) a vida ultrapassa os limites que o conhecimento lhe fixa, mas o pensamento ultrapassa os limites que a vida lhe fixa. O pensamento deixa de ser ‘ratio’, a vida deixa de ser uma ‘reação’. O pensador exprime assim a bela afinidade do pensamento e da vida: a vida faz do pensamento qualquer coisa de ativo, o pensamento faz da vida qualquer coisa de afirmativo."
Obrigada pela sua colocação.
ExcluirO que a Lorena colocou como uma 3ª via, é exatamente o que apenas mencionei como Equilíbrio, ou seja, o pensamento e a ação caminhando juntos e colaborando nos momentos de decisão.