Essa historinha ouvi há muito tempo, não lembro onde, nem quem me contou. Mas me acompanha sempre, principalmente nos atendimentos infantis. Mais ainda quando o motivo da queixa provem do comportamento dos pais.

A única distração que ela e as crianças tinham era no final da tarde irem colher amoras selvagens que cresciam por perto do terreno onde moravam.
Cada um colhia o que podia e quando chegava em casa a mãe juntava todas as frutas e dividia igualmente para todos. Deixava as melhores para as crianças e ficava sempre com todas as amoras amassadas.
Certo dia a mãe ficou doente e não pôde ir para a colheita, mas as crianças foram, fizeram a colheita e dividiram tal qual a mãe fazia todos os dias, deixando para a mãe doente todas as amoras amassadas"
Há quem possa dizer que as crianças foram insensíveis por não darem à mãe doente as melhores frutas. A questão é que a mãe nunca explicou o por quê de ela sempre ficar com as amassadas. As crianças só fizeram o que cresceram vendo a mãe fazer.
Sempre que vejo uma mãe levando a mochila do filho, em pé no ônibus enquanto a criança vai sentada, deixando de comer no lugar que ela gosta para comer no lugar onde tem (ou dá de brinde) brinquedos lembro dessa história e me pergunto: será que ela sabe que está "comendo amoras amassadas"?

E você anda comendo somente as frutas amassadas?