terça-feira, 3 de setembro de 2013

Será que ele é...?

Se você começou a perceber a que filho, ou filha de 6 anos de idade está demonstrando tendências homossexuais, está na hora de procurar um profissional de psicologia, o quanto antes... PARA VOCÊ!!!!

Se a criança tem menos de 10 anos e isto já é uma preocupação para os pais é melhor procurar ajuda profissional para tentar responder a você mesmo as seguintes questões:
- Por que estou achando que a a minha criança é homossexual?
- Como me sinto a respeito?
- E se for mesmo, o que pretende fazer?

Antes de continuar desenvolvendo o tema devo deixar claro que, ao longo da minha argumentação, não tratarei de qualquer aspecto que envolva qualquer religião. Primeiro por que se fosse levantar argumentos das religiões cristãs, seria justo que também fizesse o mesmo com as demais: afro-descendentes, judaicas, espíritas, etc. E também por que o código de ética não me permite, pois aqui deixo claro que minhas opiniões vêm não só da minha experiência como mãe, mas também dos meus estudos e experiência como psicóloga. 

Recentemente, em um dos grupos virtuais de mães que participo, uma delas fez a seguinte postagem:

"Meu filho de 6 anos me falou com tom de estar se desculpando que estava brincando de boneca Polly com uma amiguinha. Eu baixei ate a altura dele e disse: Meu filho não vejo problema em vc brincar de boneca, vc é ou tem vontade de ser gay? Ele disse prontamente: Nãooooooo! Eu finalizei: Brinque do que quiser, isso não vai influenciar vc em nada! Isso serve para as mães que tem taaaaanto medo dos filhos se tornarem gays..."

Evidentemente surgiram depoimentos de apoio e também de críticas.

Vamos por partes: quanto às brincadeiras. De forma alguma os brinquedos ou brincadeiras serão determinantes, ou serão influência para a determinação da orientação sexual. Eu, particularmente, acho muito tedioso a seção de "brinquedos para meninas", tudo rosa e lilás. Uma menina não pode gostar de verde, ou amarelo, laranja, azul, etc????

Outra questão, o homossexual não "se torna" gay. Ele é! Faz parte da sua identidade como pessoa. Assim sendo não vai ser proibindo seu filho de assistir Angelina Bailarina que ele se tornará o machão que o pai sonha. Logo, assim como ele não "vira", também não "desvira".

Uma das críticas que a mãe da postagem acima recebeu é que ela fez uma pergunta muito "pesada" para uma criança de 6 anos.

Como não conheço pessoalmente, nem virtualmente, a mãe que disponibilizou seu depoimento, não posso ter certeza, mas pelo tom da pergunta, imagino que este assunto deve ser corriqueiro nas conversas entre mãe e filho. 

Tudo depende da forma como o homossexualismo é tratado. Para descrever o que é uma pessoa homossexual para uma criança pequena, não se precisa tocar na questão das práticas sexuais, ou mesmo da anatomia dos órgãos genitais. Basta falar de AMOR! Se a explicação é que existem homens que amam mulheres, assim como homens que amam outros homens e mulheres que amam outras mulheres, esta informação pode ser facilmente assimilada por uma criança de 6 anos, ou mesmo de 3, ou 2.

O menininho em questão respondeu à mãe que hoje ele não tem vontade de ser gay. O que ainda é muito cedo para qualquer pessoa, mesmo a própria criança, ter alguma certeza. Mas se por acaso a resposta fosse outra, acredito que ele falaria com a mesma tranquilidade: "Não sei." ou mesmo "Sim". Primeiro pela pouca idade e o não conhecimento exato do que significa. E segundo por sentir acolhimento e confiança na mãe. Ou seja, mesmo que esse menininho venha a ser gay, ele se sentirá aceito e saberá que não precisa ter vergonha da sua condição.
Minha Vida em Cor de Rosa sobre um menino transsexual

E por fim, gostaria de explicar um pouco sobre as diversas possibilidades homossexuais que existem. A sigla hoje para identificar e defender a classe é GLBTT.
G de gay. O que não necessariamente significa ser efeminado. Assim um menino que joga bola, luta judô, ama carrinhos, pode sim um dia se descobrir gay.
L de lésbicas. O que foi dito sobre os meninos também se aplica às meninas. Existem lésbicas que gostam de ter um visual mais masculino, assim como existem aquelas que a feminilidade ultrapassa inclusive as de muitas mulheres hétero.
B de bissexuais. São pessoas que podem sentir atração por qualquer um dos gêneros. 
T de travestis. São homossexuais, ou não, que gostam de se vestir com as roupas do sexo oposto. Mas que são satisfeitos com sua genitália. Estes não procuram cirurgias de mudança de sexo.
T de transsexuais. Estes é que desde a mais tenra infância demonstram um desconforto com o próprio sexo. São meninos presos em corpos de meninas, ou vice-versa. São estes que procuram cirurgias de mudança de sexo, lutam para conseguir mudar os documentos para um nome mais adequado à sua identidade psicológica.

Acredito que muitas mães têm medo que seus filh@s (o @ é usado quando se deseja incluir os dois gêneros em uma palavra só. Na internet) sejam gays, mais com medo do preconceito que eles provavelmente vão vivenciar em diversos momentos da vida, do que propriamente da sua condição em si.

Mas para que nenhuma mãe venha a sofrer vendo @ filh@ ser vítimas de preconceito, cabe a cada uma de nós avaliarmos se no nosso dia a dia deixamos transparecer algum comportamento de cunho homofóbico. 

Dizer: "Eu não tenho preconceito." é fácil...

Cristine Cabral

Caso queira continuar a leitura sugiro os posts:
Sonhos de Mãe onde falo sobre a importância de separarmos o que é desejo nosso e o que é verdadeiramente desejo da criança.
E isso é normal?!?! texto sobre os padrões de "normalidade".

2 comentários:

  1. Ótimo texto, só chamo a atenção para trocar o termo "homossexualismo" (que tem conotação patológica), por "homossexualidade" que seria o termo mais adequado. Abraço :)

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Agradeço a sua contribuição e correção Mayara freitas. Estarei atenta a próxima vez em que abordar o tema. :)

      Excluir