terça-feira, 27 de agosto de 2013

Vida de Mãe X Vida de Profissional

 Este embate é ferrenho. Já começa no planejamento da gravidez, que vem sendo cada vez mais adiada em função de um melhor momento da vida profissional da mulher. No entanto a luta maior é depois que o bebê nasce. As perguntas se acumulam: "Com quem deixar o bebê? Avó? Babá? Creche?"; "E se eu deixar de trabalhar para cuidar pessoalmente dele?"

A segunda alternativa tem sido bastante comum... pelo menos no meu círculo de conhecimento. Mas não é uma decisão fácil. Se a pessoa já tem um bom desenvolvimento na carreira fica o peso de abrir mão de todo o esforço feito até então. Se ainda é uma profissional em início de carreira tem a dúvida se conseguirá retomar de onde parou estando alguns anos mais velha. Ou ainda abrir mão de absolutamente tudo e começar do zero em outra área que permita uma melhor disponibilidade de tempo. 

O famoso "trabalhar em casa" também não é fácil, pois um bebê não consegue respeitar horários, os imprevistos que podem acontecer vão desde uma frauda suja na hora em que uma cliente em potencial vem buscar um orçamento, ou mesmo um "desastre" como uma jarra de suco entornada em cima do portfólio com direito a um banho açucarado na "quase" cliente. 

Algumas profissões de nível superior permitem alguma flexibilidade como trabalhar como freelancer, ou com atendimentos em domicílio, ou ainda em clínica particular. 

Mas independentemente da escolha, sempre haverá uma perda. Seja da qualidade de vida da mãe que tem que se desdobrar no trabalho fora e a atenção ao filho, seja do poder aquisitivo.

Eu, particularmente, escolhi a segunda opção. Preferi abrir mão do meu poder de compra do que abrir mão da presença da minha filha. No meu post de apresentação Reviravoltas na Psicologia falei sobre como fui pega de surpresa por vários acontecimentos, inclusive a minha demissão logo após o término do período de estabilidade legal. Eu poderia ter voltado ao mercado logo após o fim do Seguro Desemprego, mas optei por atuar na área clínica que é mais instável, com retorno financeiro mais lento, mas que por outro lado me traz uma satisfação pessoal muito maior. Me sinto muito mais feliz recebendo o agradecimento de uma mãe cujo filho melhorou o comportamento após os atendimentos clínicos do que o reconhecimento de ter batido a meta das seleções previstas para o período.

Frequentemente vejo mães pedindo dicas de trabalhos que possibilitem uma maior flexibilidade. No post Mãe Não é tudo igual falo sobre as Âncoras de Carreira que podem nortear algumas escolhas. Outro possível ponto de partida para quem procura uma fonte de renda alternativa é procurar em suas habilidades diárias. Sabe cozinhar bem? Faz melhor doces ou salgados? Ou é boa mesmo com comidinhas caseiras que podem ser congeladas em porções menores? Tem habilidade manual para artesanato? Com tecido? Massas? Pintura? Bordado? Tem tino para vendas? Quais produtos gosta mais de comprar? Cosméticos, confecções, joias e semi-joias? Ou até quem sabe lingerie ousada e artigos de sexy shop? Por que não? Gosta das coisas bem organizadas? Sabia que existe um serviço chamado "Personal Organizer"? Gosta de organizar festas? Casamentos? Infantis? Gosta de ensinar crianças? Gosta de animar crianças?

Olhe a sua volta... todos os objetos e serviços que você vê ou solicita foram criados, produzidos, vendidos por pessoas. Ou as vezes a grande ideia é exatamente o produto ou serviço que gostaria de ter e que até então não encontrou no mercado. Ou que já existe em algum lugar, mas não onde você mora.

Se você trabalha com um produto ou serviço que já faz parte do seu dia-a-dia, que você já gosta a probabilidade de desenvolver um bom trabalho é bem maior. Grandes negócios podem nascer de um movimento assim. O Sebrae comprova que o empreendedorismo feminino vem crescendo na última década. (Fonte: http://www.agenciasebrae.com.br/noticia/20489588/ultimas-noticias/empreendedorismo-feminino-avanca-na-ultima-decada/) O sucesso é consequência de um trabalho bem feito. 

Aproveito para parabenizar todas(os) colegas psicólogas(os) pelo NOSSO dia. Ser psicóloga é uma grande responsabilidade, mas também um grande prazer. Feliz Dia do Psicólogo para todos de todas as áreas de atuação: Escolar e Educacional; Organizacional e do Trabalho; do Trânsito; Jurídica; do Esporte; Clínica; Hospitalar; Psicopedagogia; Psicomotricidade; Social; Neuropsicologia.

Amo ser Psicóloga, amo ser Mãe, amo ser PsicoMãe.

Cristine Cabral

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