quinta-feira, 17 de setembro de 2015

As meninas e o sexo

Minha filha é uma criança linda, não só aos meus olhos, pois sempre recebo elogios a sua beleza, inclusive com a frase "Eita, que quando ela for adolescente vai te dar trabalho... te prepara!" Frase comum, mas que me incomoda. E assim como tudo que me incomoda, parei para pensar de onde vem o incomodo...
Quando os meninos que são bonitos, essa frase não aparece. No máximo quando se pensa na adolescência dele o comentário é tipo "Vai ser o terror da menininhas!" Ou é a própria mãe admitindo que não quer nem imaginar como vai ser quando ele começar a namorar (já eu fico imaginando a sogra terrível que ela se tornará), que não quer nem pensar...

Pois eu penso! Embora não construa sonhos, nem gere expectativas. Minha filha é um ser humano com gostos diferentes do meu, que vai viver a adolescência dela em um mundo diferente do que eu vivi a minha, que vai sofrer influências diversas, além da educação que dou em casa e muitas outras coisas.

Por que ela me daria trabalho quando for adolescente? Só porque ela vai querer ter uma vida sexualmente ativa? Só porque a beleza dela irá despertar interesse nos meninos e em algumas meninas também? Eu só terei trabalho se for tentar evitar o inevitável: ela fazer sexo.

Lembro que há 25 anos atrás a minha geração foi o primeira a "ficar". Embora acredite que o "fenômeno" já devia acontecer antes, mas a minha geração foi a primeira a assumir o comportamento de beijar primeiro, perguntar o nome depois; a beijar alguém numa noite sabendo que no dia seguinte não haveria qualquer compromisso entre os dois "beijantes", a não ser o de repetir, caso tivesse sido interessante para ambos. Que problema era explicar isso para as mães!!! E para as avós??? Muitas achavam o "cúmulo do descaramento". Quantas de nós casou virgem? Quantas de nós casou com com o primeiro e único parceiro? Quantas de nós casou?

Cabe a mim, como mãe, alertá-la para as consequências de uma vida sexual ativa. Instruí-la quanto aos riscos de uma gravidez precoce, quanto a doenças sexualmente transmissíveis, que existem meninos que mentem só para conseguir sexo, assim como existem meninos que se apaixonam loucamente, tanto que podem se tornar inconvenientes. Que camisinha deve ser usada SEMPRE, mesmo depois de casada, pois traições são fatos (perdoáveis ou não) e com elas podem vir as DST's. Que sexo é algo muito bom, mas que exige responsabilidade. Que pode ser feito sem amor, mas com amor é muito melhor. Que príncipe encantado não existe, mas que existem caras legais cujos defeitos não serão problemas aos olhos dela. Que as mulheres têm tanto direito sobre seus corpos quanto os homens, mas que ainda tem gente que acha errado uma mulher ter tido vários parceiros, que "no meu tempo" se dizia que era "rodada" (espero sinceramente que esse termo seja esquecido nos próximos 10 anos).

Não sei que caminho ela irá escolher. Não sei se ela vai gostar de meninos, ou de meninas, ou dos dois. Não sei se ela será romântica para esperar se entregar a um grande amor. Não sei se ela será uma "feminist bitch". Só sei que estarei sempre a apoiá-la. Sem qualquer tristeza pelo fato "meu bebê" (já não uso essa expressão há anos, a não ser para implicar com ela :) ) estar se tornando uma mulher independente. Sei que vou estar disponível para dar colo quando a primeira desilusão amorosa vier... sem essa conversa de "Isso é besteira, você é muito nova para saber o que é o amor, você tem mais é que se dedicar aos estudos."

Quem estiver lendo isso pode até não concordar com a minha postura e não ouso dizer que é a coisa certa a fazer. O que exponho aqui é apenas a MINHA forma de ver o mundo e a vida... a minha forma de educar minha filha.

Não quero ser uma mãe necessária. Se eu sou necessária é porque ela ainda é dependente. Ela só aprenderá a voar com as próprias asas se eu der espaço. Sei que ela irá cair. Sei que irá doer (nela e em mim). Mas o erro faz parte da aprendizagem. A dor e o sofrimento fazem parte da vida (da dela e da minha) e quanto mais cedo a gente aprende a lidar com eles, menos a gente adquire cicatrizes emocionais. 

A palavra chave é RESILIÊNCIA, mas isso é assunto para um outro post.

Cristine Cabral

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Boa Mãe...



Conversando com algumas amigas recentemente falei para uma delas: "Mas eu não sou uma mãe boa". Ela estranhou, claro! Como poderia dizer isso de mim mesma? Tentei explicar da mesma forma que tentarei fazer aqui.
Na realidade sou uma boa mãe, sei disso. Mas, não sou uma mãe boa. E isso me é dito por pessoas diferentes (amigos, marido pediatra, professora, tia, etc.) de diversas formas, às vezes em tom de brincadeira, às vezes em tom de ironia, às vezes sério....Mas, então que tipo de mãe eu sou?...
Eu sou uma mãe que ensinou desde o primeiro dia o filho a dormir sozinho no quarto dele. Sou uma mãe que não pegou no colo o filho imediatamente- nem da primeira vez que ele chorou na maternidade,  nem até o momento. Sempre, espero para reconhecer que tipo de choro é, e se for de manha... realmente “des-sensibilizo” ele, ou seja, não o pego no colo, e aguardo até ele parar para lhe dar atenção ou colocar no colo.
Sou uma mãe que ensinou o filho a dormir sozinho no berço e não no colo. E posso dizer que apesar de ser muito bom. Vez ou outra- quando não estamos em casa e com seu berço ou cama a disposição- fico pensando que teria sido útil nesses momentos tê-lo ensinado a dormir também no colo de mãe ou pai...Mas, depois penso que fiz realmente o melhor.
Eu sou uma mãe que tirou a mamadeira do filho e o deixou com o copo de transição para tomar leite, quando ele tinha um ano e três meses. Suco e água ele já tomava no copo há tempos que nem lembro....
Eu sou uma mãe que pouquíssimas vezes- não chega a completar os dedos de uma mão- levou o filho para o próprio quarto e o fez dormir com ela e o marido. Talvez, pelo fato de que apesar do aconchego de pai e de mãe, tanto ele quanto nós dormimos melhor cada um em seu quarto- afinal foi assim que acostumamos desde o primeiro dia- e talvez por ele ter a certeza de que em muitos outros momentos podemos ficar aconchegados que não aquele...
Eu sou uma mãe que não corre para segurar o filho quando ele cai, espera primeiro para ver qual vai ser a reação dele.
Eu sou uma mãe que deixa o filho no berço sozinho, brincando, e vai tomar um banho tranquilo, pois sei que ele estará seguro ainda que sozinho.
Eu sou uma mãe que nunca deu a comida muito “mastigada para o filho”. Lembro da minha mãe ver meu filho comer banana aos pedaços e ficar horrorizada, afirmando com veemência que eu teria que amassar se não ele iria engasgar....Não adiantou eu explicar que ele foi aprendendo a mastigar desde que iniciou a alimentação complementar e que não iria engasgar pois sabia mastigar....Recebi um baita discurso e depois mais uma vez a frase “Você é uma mãe ruim”.
Enfim, o que quero dizer é que realmente desde que meu filho nasceu incentivo ao máximo sua independência e autonomia, porque sei como profissional, como ser humano e hoje também como mãe que isso é o melhor para ele. É claro, que não é fácil. É claro que ouço muitas críticas e também recebo muitos olhares admirados como se nem eu nem meu filho fôssemos desse planeta.  E sim, às vezes, tenho em mim o desejo que ele fosse mais dependente um pouco, me pedisse mais colo...Mas, depois esse meu desejo passa....Principalmente quando o vejo ganhando mais autonomia e confiança. E, principalmente, percebendo que ele está sabendo discernir que para o mais importante, para o que mais precisar, sempre terá  o meu colo.
Então, já estou quase acostumada com a frase “Você não é uma boa mãe”. E, em certa medida, a aceito, pois realmente sou uma mãe mais dura, mais firme, uma mãe que é capaz de ouvir o filho chorar por quase 10 minutos e esperar do outro lado do porta, com o coração na mão, para ver se ele consegue se acalmar sozinho.... o que talvez não me qualifique como uma mãe boa...Mas, tenho certeza de que sou uma boa mãe. Afinal, todas nós somos as melhores mães que nossos filhos poderiam ter, sejamos mães boas (mais sensíveis, ou apegadas ou seja como for) ou mais duras e firmes....Somos boas mães.
Não existe um único tipo de maternidade, nem um único tipo de criança. Contudo, você e eu somos as melhores mães que nossos filhos podem ter, pois somos suas mães.Por isso, posso dizer que não sou uma mãe boa, mas sim sou uma boa mãe.

Vanessa Nascimento

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Amoras Amassadas


Essa historinha ouvi há muito tempo, não lembro onde, nem quem me contou. Mas me acompanha sempre, principalmente nos atendimentos infantis. Mais ainda quando o motivo da queixa provem do comportamento dos pais.

"Era uma vez, uma mulher que criava cinco filhos sozinha. Eram muito pobres e moravam em uma localidade rural afastada do movimento da cidade.

A única distração que ela e as crianças tinham era no final da tarde irem colher amoras selvagens que cresciam por perto do terreno onde moravam. 

Cada um colhia o que podia e quando chegava em casa a mãe juntava todas as frutas e dividia igualmente para todos. Deixava as melhores para as crianças e ficava sempre com todas as amoras amassadas.

Certo dia a mãe ficou doente e não pôde ir para a colheita, mas as crianças foram, fizeram a colheita e dividiram tal qual a mãe fazia todos os dias, deixando para a mãe doente todas as amoras amassadas"

Há quem possa dizer que as crianças foram insensíveis por não darem à mãe doente as melhores frutas. A questão é que a mãe nunca explicou o por quê de ela sempre ficar com as amassadas. As crianças só fizeram o que cresceram vendo a mãe fazer.

Sempre que vejo uma mãe levando a mochila do filho, em pé no ônibus enquanto a criança vai sentada, deixando de comer no lugar que ela gosta para comer no lugar onde tem (ou dá de brinde) brinquedos lembro dessa história e me pergunto: será que ela sabe que está "comendo amoras amassadas"? 

Não tem nada de errado em querer dar o melhor para os filhos e ficar com a parte menos "doce". Desde que se deixe claro o por quê de estar fazendo isso. Qual a mensagem que se quer ensinar às crianças. Porque você pode achar que está ensinando "Podemos abrir mão de algumas coisas pelas pessoas que amamos", mas a criança pode está entendendo "Você é mais importante do que eu." O que não deixa de ser... aos olhos de muitas mães os filhos são mesmo mais importantes, mas o que não é educativo é a criança crescer achando que todos que estão à sua volta estão ali para servi-la. O mundo não irá tratar seu filho como a pessoa mais importante do recinto.

E você anda comendo somente as frutas amassadas? 

domingo, 10 de maio de 2015

As Relações Familiares e a Formação do Sujeito Emocional

Atualmente estou fazendo a pós-graduação em Psicopedagogia. E esta semana precisei redigir um texto como uma das avaliações de disciplina.

Achei o assunto tão relevante que resolvi compartilhar com vocês o texto enviado:

Aluna: Cristine Costa Cabral
Atividade Avaliativa 1
Módulo: Família: Relações, Vínculos e Aprendizagem

As Relações Familiares e a Formação do Sujeito Emocional

Este módulo trata da importância da família como base estrutural para as demais relações sociais, emocionais e de aprendizagem que acompanharão o sujeito ao longo de sua vida, nas demais instituições fora da família, como escola, trabalho, etc. Estudou-se as questões das particularidades que envolve cada família, tendo hoje em dia não mais a família nuclear patriarcal como único modelo. E como esta, no papel de primeira ensinante, é fator implicador do desenvolvimento da aprendizagem na escola.
“Criança não faz o que a gente diz, criança faz o que a gente faz.” Esta frase é uma constante nos meus diálogos. Seja numa roda de amigos (que sejam ou não pais), seja em atendimento clínico, seja em palestras ou cursos. Foi a forma mais sintética que encontrei para ressaltar a importância que os pais (e demais adultos que convivem com as crianças) têm na educação e desenvolvimento infantil.
Essa questão vai desde as questões mais simples como incentivar a criança a comer de forma mais saudável, o que se torna praticamente inviável quando os pais não possuem hábitos alimentares adequados. Até as questões mais básicas da educação social, como o uso das “palavrinhas mágicas”. Como uma criança aprenderá a pedir por favor, se em casa ninguém pede nada usando esta palavra, seja de mãe pra filho, seja de pai para mãe?
A escola sofre com a falta de educação básica. O que antes as crianças aprendiam em casa (regras de comportamento social, regras de etiqueta básica, etc.), hoje em dia esta demanda está sendo destinada à escola. As causas deste evento são tão diversificadas quanto os modelos de família da atualidade. Seja por que, nos primeiros anos de vida, a criança ficou aos cuidados de uma babá que praticamente não falava com a criança, deixando-a a maior parte do tempo em frente à televisão, seja por que a mesma ficou sob os cuidados de avós condescendentes, que ao menor gemido da criança já corriam para prover qualquer coisa que esta pudesse vir a desejar.
Este tipo de educação já vem sendo denominada por alguns estudiosos como “Crianças Terceirizadas”. Ou seja, com a enorme demanda de tempo destinado ao trabalho, os pais cada vez mais estão menos tempo presentes e vêm terceirizando a educação, contratando babás, professores particulares, psicólogos, escola de tempo integral, cursos de línguas, escolinhas de esporte, etc. E o mais básico da estrutura humana está sendo colocado em segundo plano: o afeto, a atenção, o carinho, a dedicação, a educação de valores, a imposição de limites...
Como conclusão o que posso colocar é que a parceria entre a escola e a família é essencial. Ambas têm papel fundamental na formação do cidadão, porém se esta não oferece modelos adequados de comportamento, de valores, de limites, pouco aquela pode fazer.
A curto prazo o problema não parece ser tão grave... alguns dias de suspensão, ou mudar constantemente de escola, ou colocar numa escola pública como punição ou como uma forma dos pais dissessem “lavo minhas mãos, não gastarei mais meu dinheiro com a sua educação, se você não quer ser educado”. Porém a médio e longo prazo as consequências são gravíssimas: mais e mais professores sendo agredidos (verbal e fisicamente) e adoecidos, incapacidade dos jovens de gerar vínculos sociais adequados e consequentemente mais sofrimento emocional, mais agressividade, mais depressão, risco social do desenvolvimento de conflitos com a lei, visto que se a autoridade dos pais e professores não é reconhecida, existe a probabilidade de que a autoridade legal e jurídica também não seja, dentre outras consequências de maior ou menor gravidade.

A educação de cada criança não é uma questão só da família, ou só da escola, é uma questão de todos, é uma questão social. Quando estivermos na terceira idade, é nas mãos destas crianças que nós e toda a sociedade estaremos.

Deixem nos comentários que nota dariam heheheh. Vamos ver se os meus professores concordam com vocês.

segunda-feira, 2 de março de 2015

Filho X Grana


Algumas semanas atrás numa conversa com uma amiga ela me fez a seguinte pergunta: Como você pensa em ter outro filho? São muitas despesas! Não dá para ter outro filho não. Eu respondi que no momento que vivo com minha família realmente não pensamos em ter outro filho... agora!
A vinda do primeiro foi super planejada e a do segundo não pode ser diferente. Mas, em breve sim poderemos ter outro filho a partir de alguns ajustes no orçamento, acredito que em cerca de dois anos estamos "encomendando" mais um filho.
Minha amiga continuou surpresa, afirmando que para ela era impossível ter outro filho dado os gastos com o primeiro. Vai e volta acabo tendo essa conversa de dinheiro X filhos com várias pessoas. Elas dizem que são muitas despesas, que tudo é muito caro, que no mundo de hoje só podemos ter um filho, que dá muito trabalho etc.
Nessas horas lembro-me bem de outra amiga minha que sempre desejou muito ser mãe desde o início da adolescência e que me dizia: se as pessoas criam filhos,( isso mesmo no plural) com um salário mínimo eu tenho certeza que eu também consigo.
Bem, então para aqueles que estão lendo e que já passaram ou passam pelas mesmas interrogações de dinheiro X filhos, deixo aqui minha opinião e como opinião que é, você pode jogá-la fora por completa, aproveitar algumas partes, ou ainda tudo, ou seja, faça como quiser.
Sei que muitas famílias criam filhos com um salário mínimo ou um pouco mais, mas realmente não quero isso para mim e meus filhos. Quero poder levá-los a passeios culturais interessantes e enriquecedores, como cinema, teatro, livrarias...Poder viajar com eles e conhecer lugares e culturas novas e diferentes. E sei que com um salário mínimo ou um pouco mais, não conseguiria isso.
Quero que eles tenham acesso a boa educação, a escolas de qualidade, a um bom curso de línguas, ou ainda quem sabe uma escola bilíngue...aí acho que talvez já não dê...Mas, com certeza eles aprenderão pelo menos duas línguas além da sua língua pátria.
Quero poder proporcionar acesso a bons médicos, hospitais, enfim um bom plano de saúde. Uma alimentação balanceada, lazer com atividade física.
Quero que eles tenham acesso a livros, música, e que com tudo isso que falei acima, eles estejam em condições de competir por um lugar nesse mercado de trabalho louco e cruel tão afunilado. Principalmente, quero que sejam conscientes de suas escolhas e que façam algo que lhes dê prazer. Desejo que nunca trabalhem apenas pelo dinheiro ou para ter algo, ou para participar de um determinado grupo, que o trabalho deles tenha um sentido, um propósito de vida para eles, pois assim sei que terão grande chance de serem felizes.
Agora quanto custa tudo isso? Barato não é, mas também tenho certeza que não é preciso ganhar R$ 15.000,00 para conseguir isso.
Principalmente por que muitas dessas coisas que desejo para meus filhos requer tempo, disponibilidade dos pais. E para ganhar acima da média, ou muito acima da média do mercado,você deve investir muitas, e muitas, horas do seu tempo nesse projeto.
A escola de qualidade não necessariamente é a escola mais cara. E não se esqueça que nós pais temos um papel complementar ao da escola. Nossos filhos irão aprender na escola sim, mas também conosco em casa e com uma vida de estímulos e interação social que nós podemos proporcionar a eles. A escola tem que lhe agradar em estrutura física e de pessoal. Para mim enquanto psicóloga, penso ser muito importante a presença desse profissional na escola. A linha pedagógica também é de extrema relevância. A distância da sua casa, afinal você irá fazer esse caminho por muito tempo. Enfim, dá para pesquisar e escolher uma boa escola de valor intermediário. Não precisa ser a mais cara, nem a mais barata.
Os planos de saúde estão pela hora da morte, mas dá para pesquisar e também conseguir um bom plano sem ser o mais caro, ou dá para conseguir pagar o mais caro de repente... Afinal saúde tem que cuidar. E principalmente prevenir e prevenir na maioria das vezes saí bem em conta. Além do que sempre se pode poupar em determinados setores para poder investir em outros.
O mercado oferece inúmeras tentações para quem tem filhos, muitas delas podemos passar sem ou conseguir mais baratas etc.
"Meu filhos só usa fralda tal" pode ser...mas vc já testou outras? Mesma coisa para pomadas e tantas outras coisas que existem inúmeras opções... teste.  Existe um mundo de possibilidades para cada item que a criança usa e com preços inúmeros, também.
A propaganda é linda a maioria das mães que você conhece usa....mas, já se permitiu fazer um verdadeiro teste comparativo entre os produtos, esquecendo-se por um tempo de toda a propaganda vinculada na mídia? Seu filho pode ser um consumidor bem diferente dos demais e preferir outros produtos que não o da maioria. Contudo, você só saberá disso se permitir experimentar opções diferentes.
Será que precisa mesmo de um sapato combinando com cada roupa? Será que a festa de aniversário precisa mesmo ser "aquela" festa de aniversário? Sempre existem opções intermediárias e não é porque é mais barato que não é bom, que não presta.
Existe todo um jogo de mercado que leva a maioria de nós a querer comprar sempre o melhor do melhor, e dar tudo e mais um pouco para aquela pessoinha que nós mais amamos no mundo...Contudo, o melhor do melhor é muito relativo e cada família tem que descobrir o seu.
Acredito que quando deixamos de nos preocupar tanto ou de querer tantas coisas para nossos filhos que nem mesmo sabemos se eles querem, não precisamos trabalhar tantas horas mais, ficar ausente horas mais etc. E com isso conhecemos melhor nossos filhos, contribuímos mais para o seu desenvolvimento e uma família maior com irmãos com certeza faz parte também desse pacote.
É difícil não sucumbir ao encantador mundo do consumo e nem sempre conseguimos,
eu sei! Mas, não devemos parar de tentar de não nos deixar consumir.

Vanessa Nascimento

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Nem castigo, nem recompensa. Consequência!

Como moramos só nós duas em casa e não tenho empregada, enquanto faço as tarefas domésticas, deixo minha filha brincar livremente. E ela não só se diverte muito, como observo o quanto essas brincadeiras solitárias contribuem para o desenvolvimento da imaginação e criatividade dela.

Recentemente ela descobriu um baldinho de massinhas que ganhou em alguma data comemorativa que nem lembro. Estava guardada, pois entregava aos poucos, para não gastar todas e também para diminuir a sujeira que euzinha aqui é quem tem que limpar. Mas como ela está mais crescida e já estava perto do carnaval e sabia que iria vir uma folga, entreguei todas.

Resultado1: ela misturou todas as cores e deu aquela massinha "cor de cocô", acho que vocês sabem do que estou falando. E brincando no chão acabou ficando aquele grude. Grude em todos os formatos: borboleta, flor, passarinho, etc. Oh! Céus...

Na hora que fui limpar disse que ela iria me ajudar e a parte de esfregar para desgrudar seria responsabilidade dela. (Para que pensou: "tadinha..." sugiro a leitura do post "Ouwnnn... o 'bichinho'") E assim fiz. Varri, espalhei o detergente, (menos tóxico que os outros produtos de limpeza mais pesada) entreguei a esponja molhada e parti para limpar o restante da casa enquanto ela esfregava o chão.

Imagem real da minha pequena
Enquanto limpava, pensava neste post. Não estava punindo, nem dando uma nova brincadeira, estava apresentando a consequência da brincadeira dela. Vai caber a ela, depois da experiência, saber se o prazer de brincar de massinha será diminuído frente à necessidade de ter que limpar tudo depois, ou se limpar é uma segunda brincadeira, depois da primeira.

Resultado2: Ela limpou bem direitinho. Muito bem mesmo. Não esperava uma limpeza de qualidade, tinha apenas a ideia de uma lição de consequência, mas descobri que ela é capaz de limpar bem. (Lembrei do post "Não subestime")
Quando cheguei na parte da casa em que ela estava limpando, disse:
- Pronto. Já pode parar que agora vou passar o pano onde você já limpou.
E a resposta dela foi:
- Espera mãe... ainda não terminei. Ainda falta ali. Eu queria ter limpado todos os quadrados.

Muitas vezes as mães (e pais) impõe um castigo, pois acreditam que uma punição é a melhor forma de eliminar algum comportamento inadequado da criança, mas além de não ser a melhor estratégia (Ver posts "A Palmada", "Reconhecimento é bom e todo mundo gosta") ainda tem a questão de que a mesma coisa pode ser uma punição, ou uma recompensa, variando de pessoa para pessoa.

Ou seja, se a minha ideia fosse "castigar" minha filha fazendo com que ela fizesse a limpeza com a ideia de que ela "nunca mais" (doce ilusão acreditar que um só evento elimina um comportamento inadequado) iria fazer sujeira com massinha, estaria frustradíssima, pois não só a brincadeira de massinha vai permanecer, como pode aumentar de frequência. 

Sendo assim, melhor que uma punição aleatória (ficar sem tv, ter as massinhas confiscadas, etc.) apresentar a consequência da ação é a melhor forma de educar. Assim, quando ela estiver mais velha, poderá ser mais consciente das escolhas que fizer, pois saberá que independente do que escolher, SEMPRE haverá consequências.

Cristine Cabral

Caso queira continuar lendo:

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

"Onde está a mãe dessa criança?"

Quantas vezes você ouviu essa pergunta?
Quantas vezes você fez essa pergunta?

Expressão ouvida/lida sempre que uma criança se torna centro das atenções... de forma negativa! Seja fazendo um escândalo, seja em uma situação de risco de vida eminente, seja por uma aparência suja, mal cuidada.

Mas já experimentou usar um pouco de empatia na hora de fazer essa pergunta?
Ou quem sabe perguntar também pelo PAI dessa criança?
Ou mesmo NÃO fazer essa pergunta e tentar ajudar de fato?

Já passou pela sua cabeça que a mãe da criança birrenta que faz escândalo no shopping é a mesma que trabalha fora o dia inteiro e as vezes ainda estuda a noite e quem passa o dia com a criança é uma babá com baixa instrução, ou uma vovó que só vive pro "bichinho"não ficar triste, não ficar com raiva, que deixa a criança fazer o que quer todos os dias da semana? (Para ler mais sobre, sugiro a postagem Ouwnnn...'o bichinho') A mesma mãe que se enche de culpa todos os dias que chega em casa e o filho está dormindo... A mesma mãe que não quer gastar o pouco tempo que tem com o filho, brigando com a criança.

Não estou dizendo que a birra passe a ser admirada como comportamento correto, mas quero levantar a bandeira da EMPATIA.

As vezes é mesmo desleixo materno. Mas de onde vem esse desleixo? Será que é uma mãe muito jovem que mal consegue cuidar de si mesma? Será que foi uma gravidez planejada? Será que essa mãe não culpa o filho por tudo que ela não pode mais fazer? Será que ela tem depressão pós-parto, ou depressão clássica? Ou será que ela realmente está se esforçando, mas não conseguiu (ainda)? Será que ela tem os mesmos conhecimentos sobre higiene, alimentação, desenvolvimento motor e cognitivo que você? Será que ela teve acesso ao mínimo de escolarização? Será que ela TEVE MÃE?

A maternidade não é um sentimento inato de todas as fêmeas da raça humana. Há alguns séculos esse sentimento sequer existia. A mortalidade infantil era enorme, de forma que o apego só vinha depois que o bebê "vingava". As crianças eram vistas como mini-adultos, sem que fosse preciso qualquer cuidado diferenciado, as ricas eram criadas e educadas por serviçais e mal tinham contato com os pais, enquanto as pobres se tornavam mão de obra assim que alcançavam o mínimo de autonomia e coordenação motora. Ainda hoje existem situações semelhantes, tanto na terceirização da educação que hoje em dia é delegado à escola, professores particulares, babás, psicólogos, psicopedagogos, etc. Quanto na exploração do trabalho infantil, desde os vendedores de balas, aos que estão expostos à trabalhos mais arriscados.

Não se nasce sabendo ser mãe. Muitas de nós brincaram de bonecas, ensaiando esse momento a vida inteira e ainda são cheias de dúvidas. Várias, quando brincavam de boneca, não eram a mãe, mas a professora, a doutora, ou em caso de bonecas tipo Barbie imitavam qualquer uma das profissões do mundo. E outras tantas sequer gostavam de bonecas.

Ser mãe não é uma tarefa fácil, para muitas. Tanto que muitas mulheres adiam o mais que podem a decisão de ter um filho, por medo de não conseguir desempenhar esse papel com "excelência" (termo muito usado na administração, mas impossível de alcançar na vida pessoal, principalmente nas relações pessoais).

Se naturalmente já não é fácil, imagine para quem está sob constante julgamento condenação pública???

Qual o limite entre a proteção e a super-proteção? Entre o cuidado e a paranoia?
Não ouso responder, pois eu também não sei. O que sei é que todas nós erramos ou iremos errar. Seja por desatenção, desinformação, ou super-proteção. Seja por insuficiência ou por excesso.

E depois surge a expressão "pagar com a língua"... Quem fala, paga, por que não usou da empatia na hora de falar.

Mais amor, por favor!

Que tal deixar para fazer essa pergunta quando vir uma criança com um bom comportamento e aproveitar para elogiar a mãe e sua cria? 

Cristine Cabral

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