terça-feira, 18 de dezembro de 2012

E isso é normal?!?!

A minha pequena é muito sensível e cuidadosa. Deu os primeiros passos antes de um ano, mas só andou mesmo, quando se sentiu segura. Nunca levei sustos com escadas, pois antes de ter certeza que conseguia subir, ela parava e se virava para me dar a mão.

Até hoje em dia ela não gosta de palhaços e tem medo de alguns bonecos, principalmente aquelas fantasias que as pessoas usam umas cabeças enormes de personagens de desenhos animados. 

Mesmo alguns desenhos que outras crianças da idade dela gostam, ela não gosta. Um dia desses passava Tom & Jerry e ela me disse: "Mamãe não quero assistir isso por que o gato quer machucar o ratinho." 

E então vem a pergunta do título: "E isso é normal?!?!"

A minha atenção não está no que é "normal", mas em como está sendo o desenvolvimento dela. Se, no tempo dela, está conseguindo superar seus medos. Hoje ela sobe e desse escadas com tranquilidade, sem a minha mão, não chora mais com os palhaços, embora ainda não goste da ideia de ir brincar com eles. Seria anormal se ela não conseguisse superar. 

Lembro que em uma ocasião estava conversando com minha amiga Lorena (mãe a mais tempo que eu, psicóloga a mais tempo que eu, gente a mais tempo que eu ;-) ) e falando com ela sobre os medos da Nadine, comentei que eu precisava de uma outra criança mais destemida para ser modelo para a minha pequena. E ela me perguntou (ou comentou, não lembro direto) algo do tipo "Precisa porque? Me lembro que no meu tempo as crianças conseguiam dar conta de seus medos sozinhas" 

Na hora refleti um pouco e percebi de que essa geração de mães (a qual me incluo) quer suprir seus filhos de toda e qualquer necessidade, mesmo que não seja uma necessidade real da criança, mas uma desconfiança da mãe de que aquela coisa pode ser que venha a dificultar a vida dela... Isso não tem como saber... são variáveis muito indefinidas... e mesmo quando específicas, são inúmeras e com opiniões diferentes dos especialistas. Impossível uma mãe dar conta e mesmo que fosse possível, será que o pequeno, quando grande, não se sentiria privado do direito de escolher que características gostaria ou não de desenvolver. (Nunca escrevi um parágrafo com tantos termos e expressões vagas e indefinidas heheheh Releia dando ênfase às palavras em itálico.)

Resolvi "deixar rolar". Resolvi acreditar na capacidade da minha filha de se superar sozinha. Se ela precisar de ajuda darei a mão, mas não vou fazer por ela, vou ajudá-la

Lembrando também que mesmo que algo venha a ser considerado anormal, não necessariamente é algo patológico. E hoje em dia tudo está sendo patologizado... ninguém fica mais cansado, fica estressado, não se fica mais triste, é deprimido, as crianças não são mais danadas ou sem limites, são "hiperativas". Essa patologização de tudo acaba apavorando as mães. "Será que meu filho tem algum distúrbio, síndrome, anomalia?" 

Claro que essas patologias existem. O problema está sendo a banalização dos termos e o excesso de diagnósticos precipitados, principalmente no que diz respeito a medicalização. 


Ontem estávamos em um aniversário de um dos coleguinhas da escola e conversando com o pai de um coleguinha de classe que tem necessidades especiais (paralisia cerebral e hidrocefalia, se não me engano) falei sobre a questão de que cada criança é única e que cada uma tem a suas limitações, seu tempo para desenvolver alguma característica ou comportamento. Por exemplo a ML é quase seis meses mais velha que a Nadine, mas também estava com medo dos fantoches que estavam se apresentando na hora, o G. não estava com medo, mas ele nunca ficou na escola sem chorar, coisa que as meninas não faziam, já o amiguinho dito "deficiente" nem chorava na escola, nem estava com medo dos bonecos. 

E então, qual deles é o "normal"?!

A justificativa que me vem à cabeça quando penso no porquê das mães terem tanto medo que seus filhos sejam rotulados como anormais é o medo do preconceito que acompanha quem é diferente da maioria, seja qual for o motivo da diferença, deficientes físicos, ou mentais, portadores de síndromes como a de down e a asperger, autistas, gays, gordos, negros, quem escolhe uma religião diferente, etc, etc, etc...


Esse medo até se justifica, pois o preconceito é algo que machuca (e muito) não só a vítima, como a sua família e amigos. Porém acredito que em vez de tentar enquadrar seus filhos dentro de conceitos ditados por uma sociedade de valores deturpados, as mães deveriam ensinar seus filhos a terem orgulho daquilo que os diferencia, ressaltando que as diferenças não tornam ninguém melhor ou pior do que as outras pessoas.

Somos todos humanos, todos temos dificuldades para aprender alguma coisa seja matemática (meu caso), dança, andar de skate, etc. Assim como temos características pessoais diferentes alguns são tímidos, outros expansivos, outros solitários por opção, outros super-ativos (perceba a diferença: isso não é patológico), dispersos, super-concentrados... e qualquer outra coisa que você conseguir lembrar que você é, ou gostaria de ser...

Então, mães, antes de temerem que seus filhos sejam vítimas de preconceitos, libertem-se dos seus próprios!!!

Cristine Cabral

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Reconhecimento é bom e todo mundo gosta

Cena:  Uma mãe num shopping e o filho de 7 anos quer que ela compre um brinquedo, para conseguir o menino começa a falar alto e a sapatear e para fazê-lo parar a mãe diz:
- Para com isso! Está todo mundo olhando para você!

Tudo normal, o problema está que, nesse caso, o menino adora aparecer, adora ser o centro das atenções, então o que a mãe pensa ser uma ameaça de punição torna-se um sinalizador de reforço. Principalmente se a criança souber que em público a mãe não fará uso da força física, caso ela seja adepta da palmada. Então a birra dele provavelmente vai aumentar, depois de ouvir essa frase.

Meu objetivo hoje é falar sobre o que nós, analistas do comportamento, chamamos de reforço positivo. É o ganho por emitir determinado comportamento. (Ressaltado que trabalhamos com probabilidades, não com causa e efeito. O ser humano é muito complexo para que se consiga analisar todas as variáveis envolvidas)

Já ouvi de um pai na clínica a seguinte frase: "Não vou recompensar meus filhos por eles fazerem o que é obrigação.". Ok. É uma escolha, é uma forma de educar... a mais comum podemos dizer. Porém neste caso, não são os reforçadores que incentivam o comportamento, mas sim a tensão da esquiva por uma possível punição. 

É necessário atenção sobre como o comportamento será reforçado, por ser algo muito particular. Exemplo: Numa empresa quem tem boas ideias tem o privilégio de apresentá-las pessoalmente à diretoria. Ok. Mas nesse caso o funcionário que for tímido, jamais apresentará suas ideias por melhores que sejam, ou vai passá-las para um outro ganhar os méritos.

Fomos educados numa sociedade punitiva, onde o erro chama muito mais atenção do que o acerto, assim as pessoas ficam muito mais atentas às possíveis punições do que aos possíveis reforçadores. Mas isso não justifica que façamos o mesmo com nossos filhos. Elogio é bom e todo mundo gosta.

Exemplo: eu mesma muitas vezes não estou com vontade ou com inspiração para escrever aqui. Poderia deixar para lá... afinal não receberia nenhuma punição. Mas então imagino que se eu tivesse um chefe chato no meu pé, conseguiria arrumar tempo, inspiração, vontade, etc. Assim como se fosse para ganhar dinheiro (o reforçador arbitrário universal). E então lembro de como me faz bem escrever o que eu penso e sinto, lembro de como fico toda feliz quando leio algum comentário aqui, lembro da satisfação que tenho quando vejo a linha das estatísticas subindo... 

Ou seja, não é um ganho imediato, instantâneo, é a longo prazo. E isso as crianças não entendem, principalmente as menores de 5 anos e os adolescentes (em alguns casos). Para conseguir que a criança consiga o sucesso pleno é preciso que os passos dados sejam reconhecidos. Exemplo: Tirar a fralda. Usar o banheiro é algo complexo: 1- perceber se há vontade, 2- controlar os esfíncteres, 3- localizar o local adequado e a distância, 4- chegar até o banheiro ainda controlando a vontade, 5- tirar a roupa, 6- sentar-se (ou ficar em pé no caso do xixi dos meninos), 7- liberar a saída, 8- limpar-se (normalmente a última conquista a ser alcançada), 9- vestir-se, 10- dar descarga, 11- lavar as mãos. Fica tudo mais tranquilo para o pequeno aprendiz se ele vê cada pequena conquista ser comemorada, do que ter que fazer tudo isso para evitar que a mãe fique decepcionada, por que não conseguiu, ou mesmo chateada, ou zangada por que fez sujeira na roupa.

Não é tarefa fácil... se as vezes é difícil perceber o que reforça a mim mesma, imagine perceber o dos outros e pior ainda no caso de uma mãe que não é psicóloga e que tem filhos extremamente diferentes.

Mas vale o esforço, pois é muito melhor viver na expectativa das coisas boas que estão por vir, do que na eterna tensão de se esquivar das punições.

Gostaria muito de poder passar para vocês uma lista de comportamentos e reforçadores, mas isso não existe! Pois além das diferenças entre as pessoas, existe as mudanças que a pessoa sofre ao longo da vida... Então o que posso dizer é que observem seus filhos, vejam o que os fazem felizes, conversem, perguntem, compartilhem com eles toda conquista, mesmo que seja o campeonato de futebol de botão do condomínio, participem da vida dos seus filhos, só assim vocês vão conhecê-los melhor. E só assim eles vão ter 100% de confiança para compartilhar com você os medos, as dúvidas e os erros, pois ele saberá que encontrará apoio e conforto e não crítica e punição.

Esse assunto é bastante complexo, mas aos poucos vou explicando. Caso ainda não tenha lido e queira ler um pouco mais, recomendo o outro post sobre o assunto: Punir, só, não resolve 

Com calma e paciência as coisas vão dando certo... ;-)

Cristine Cabral

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

... e o Papai Noel?!


Dezembro chegou... Decoração de Natal, luzes, pinheiros e Papais Noel espalhados em cada canto da cidade. 

O texto abaixo foi copiado de uma conversa real que tive com o pai da Nadine:



Cristine Cabral
Ainda estou pensando se faço ou não ela acreditar em Papai Noel
Eu não gosto muito da ideia... mas ainda estou vendo


Vicente Igor
O pai tem opinião tbm?

Cristine Cabral
sim
Que tu acha?


Vicente Igor
Acho que poderíamos fazer uma mistura...
Não o simples fato de não acreditar
Mas dela saber dele e saber do real
Não sei bem... Ao certo como seria...
Pois sem acreditar... O natal perde bastante encanto

Cristine Cabral
Acho que estou entendendo


Vicente Igor
Pq tipo..
A Lia (prima)... Eh uma mistura
Ela sabe do Papai Noel, do Menino Jesus
E de tudo mais
E mesmo assim consegue fantasiar

Cristine Cabral
Eu não sou fã de Papai Noel que pra mim é tipo o pai do consumismo :P  Prefiro incentivar a mais a parte do nascimento de Jesus


Vicente Igor
Eh... Entendo...
Mas a magia do natal eh o clima de natal, arvores, papai noel etc

Cristine Cabral
vou escrever uma cartinha pro Papai Noel, mas mais agradecendo que pedindo... tipo como se fosse uma oração.


Vicente Igor
Queria poder entender mais pra ser mais pai pra Nadine.. Algumas coisas vão ser bem difíceis
Mas assim...
Vamos explicando pra ela....
Mas temos que combinar

Cristine Cabral
humrum
pra ser a mesma história
só não quero essa coisa de pedir.
Pq acho feio quem pede presente, mesmo que seja pro Papai Noel, acho que a expectativa do "que será que vou ganhar" mais legal e sem falar dos bolsos... vai que ela resolve pedir coisas que a gente não pode dar
Ela anda empolgada com uma Mônica Patinadora que a Maria Luiza (amiguinha da escola) tem, mas a boneca é mais de R$200,00...


Vicente Igor
aff
metade do colégio
=P
Enfim...

Cristine Cabral
Pois é... mais que a bicicleta

Vicente Igor
Eu confio minha vida em vc em relação a Nadine...
o que quiser minha opinião, eu darei com prazer e dever de Pai...
mas nem sempre irei entrar no assunto pois, nunca sei o que me diz ou não respeito... enfim...
acho que essa coisa do Natal
é melhor levar pro lado católico, do que pro lado consumismo
Mesmo os pais (eu e tu) não sendo nada católicos... mas é uma linha de pensamento mais saudável do que o Papai Noel.

Cristine Cabral
Pra mim é melhor explicar o que a data significa, sobre recomeço, solidariedade, família, etc

Vicente Igor
Só que, o que ela vai ver ao longo da vida... é Papai Noel, árvores, renas etc

Cristine Cabral
Vai ser no ritmo dela... como ela ainda tem medo e não quer conversa... esse ano deixa assim... vou escrever a cartinha com ela, mas mais pra ir passando a mensagem.
Se quiser escrever uma também... :)

Vicente Igor
hummm
rsrsrs
será que vou saber?
=P

Cristine Cabral
eheheh
sei não...

Vicente Igor
Mas... a cartinha tu vai puxar pro lado da mensagem? ou do Papai Noel mesmo?

Cristine Cabral
Vou escrever pro Papai Noel, mas como se estivesse falando pro Papai do Céu... tipo assim...


Vicente Igor
humrum

Cristine Cabral
Criar a ideia de Bom Velhinho, que fica feliz quando as crianças se comportam
que vem pra trazer mais alegria pras famílias
coisas que são ditas nas propagandas :P
pra combinar o que ela vai ver por aí, com o que vou dizer por aqui

Vicente Igor
humm
certo...
vou fazer isso tbm...
=)

Cristine Cabral
Nem falar na parte do presente... deixa isso pra quando os amigos começarem a falar
não associar natal a presente, mas a família e bondade, etc

Resolvi copiar essa conversa aqui não só para falar sobre os meus valores e minha forma de ver uma coisa tão “inocente” que a maioria das pessoas nem para para analisar. Mas principalmente para mostrar que é possível pais separados conseguirem conversar e entrarem em acordo sobre tudo que diz respeito à educação dos filhos. Basta que haja disponibilidade das partes em se entenderem e colocarem bem estar dos filhos em primeiro lugar.

Boas Festas,

Cristine Cabral

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Uma estranha no ninho

Quem pensa diferente da maioria das pessoas ou vive se justificando, ou permite que os outros pensem o que quiserem pensar... eu faço parte do segundo grupo.

A forma como eu penso e faço algumas coisas dá margem à várias interpretações (erradas, na maioria das vezes). As vezes nem minha mãe, ou a Taciana entendem. Esta quando não entende, não me julga, fala o que ela sentiu sobre a tal coisa e me pergunta o que há. E o mais importante: escuta. Pois esse é o problema de quem vive se justificando... dependendo do ouvinte a justificativa não surtirá qualquer efeito... Ela pode até não aceitar, ou não concordar com o meu ponto de vista, mas entende e respeita... e por isso somos amigas a mais de 20 anos.

Vou colocar dois exemplos significativos:

Várias vezes, em contextos diferentes, já mencionei que considero a possibilidade de a Nadine vir a estudar em uma escola pública. Os "julgadores de plantão" logo me "crucificam", mas eu já estou acostumada. Vou explicar aqui, não para me justificar, mas por estar dando um exemplo e mostrando que não existe só um caminho a seguir.

Quando eu falo isso é algo somente para quando ela tiver mais de 14 anos, com alguma maturidade para analisar as consequências e quando eu tiver segurança que independente do meio em que ela se encontre, vai saber fazer as escolhas certas. Como já expliquei nos posts Sonhos de Mãe e Seu filho não é seu! tenho minha cabeça aberta para toda e qualquer escolha que a Nadine venha a fazer no nível profissional. Pode ser que ela venha a ter talento para artes ou esportes. Alguém já deve estar pensando "mas educação vem sempre em primeiro lugar!" e concordo plenamente com a frase, só não concordo que educação seja só o conteúdo que a escola passa, educação é muito, muito mais. 

Bom, mas voltando às possibilidades... pode ser que aos 14, 15 anos ela resolva que quer trabalhar e legalmente isso é possível por meio da Lei do Jovem Aprendiz. E estudando em escola pública há mais chances, pois aqui no caso o preconceito é inverso "Filhinho de papai de escola particular não vai ter disposição pra trabalhar direito". Falo como profissional que fazia Recrutamento e Seleção e que dava aulas aos jovens. E posso afirmar com toda certeza, alguns daqueles meninos tem características que nenhuma escola particular vai ensinar... suas realidades, suas necessidades, os tornaram jovens determinados, dispostos, de bom caráter. São meninos e meninas que estudam de verdade na escola, que fazem o curso (obrigatório por lei para poder ser Aprendiz) e têm seus turnos de trabalho. Então quando olho para alunos de escola pública não vejo só "essa gente" que algumas mães têm medo de "misturar" seus filhos. Para os "julgadores de plantão" é mais fácil achar que eu sou uma mãe desinteressada no desenvolvimento da minha filha, ou mesmo preguiçosa, que não quer trabalhar e fazer sacrifícios pra dar "tudo do bom e do melhor".

Só ressaltando: o que escrevi é algo que PODE ser... que não sei se VAI acontecer... são só possibilidades.

Outra situação melindrosa é o fato de eu me dar bem com o pai da minha filha. Acredito que deva haver até especulações que ainda estamos juntos... Como eu disse lá em cima: não me importo com o que pensam.

Mas então vem a exclamação: "Mas isso não é normal!" ... é... infelizmente não é normal. O normal é ver pais separados e que não podem ficar no mesmo ambiente, é haver desconforto, ou mesmo brigas e acusações e as crianças no meio... é normal noivas terem problemas para arrumar o altar já que pai e mãe não ficam no mesmo ambiente, é normal crianças ouvirem as mães nunca falarem o nome do pai e sim "aquele traste", é normal as crianças serem usadas para tentar atrapalhar o novo relacionamento do ex.

Eu não quero essa "normalidade" para mim, nem para a minha filha. Não adianta ficar pensando "E se eu tivesse feito isso?", ou "E se ele não tivesse feito aquilo?" O que passou, passou! O passado fica no passado. Perdoar não é esquecer. É simplesmente seguir em frente... 

Felizmente, no que diz respeito à tarefa de ser pai não tenho queixas. Ele é atencioso, cuidadoso, responsável. O que foi ruim pode até ter sido bem maior do que o que foi bom (tanto que acabou.)... mas não apaga o que foi bom. As características que eu vi e gostei antes de casar ainda estão lá. Mas então deve estar se perguntando: "Se está tudo tão bem, por que não voltar?" :) 

Para evitar mais especulações esclareço: Por que a confiança acabou. Nunca fui ciumenta... não tenho paciência para ficar fiscalizando, procurando falhas, imaginando "será que ele está fazendo o que disse que ia estar fazendo?" Então se é para estar sempre desconfiada, sempre com sentimento de "que pode ser que..." estar fazendo acusações, que poderiam ou não serem verdadeiras... prefiro a paz de espírito da convivência amigável e esta cooooom muita certeza é bem mais saudável para a minha pequena. 

Não é fácil conviver com julgamentos e críticas, veladas ou escancaradas... mas eu continuo fazendo o que acho que seja melhor para mim e para minha filha. Sigo meu coração, sigo as teorias psicológicas nas quais acredito... com equilíbrio vou construindo a minha felicidade e da minha pequena (enquanto ela não souber fazer isso sozinha)

Então é isso... resumindo: Eu NÃO sou normal! :)

Cristine Cabral

terça-feira, 20 de novembro de 2012

“Ouwnnn... o 'bichinho'...”


Aqui no Ceará essa expressão é algo equivalente a: “Ouw o pobrezinho”, “o coitadinho”, etc... e confesso que me “dá nos nervos.”

Pensei neste assunto na sexta-feira a noite quando o seguinte fato foi relatado pela minha pequena:

Nadine levou uma boneca para a escola, mas não quis emprestar pra amiga que ficou chateada e disse que não queria mais ser amiga da Nadine que ficou triste por "perder" a amiga.

Depois de eu conversar e explicar que os amigos as vezes ficam chateados com a gente, mas que dá pra fazer as pazes, desde que ambos saibam compartilhar suas coisas.


Solução encontrada pela Nadine:
- Então vou chamar a Maria Luiza aqui em casa pra ela brincar com todos os meus brinquedos. 



Do episódio relatado, embora a lição sobre compartilhar os brinquedos seja importante, não foi a que mais me chamou atenção. E sim a questão do sentimento. 

Não foi assim "de pronto" que ela contou a história... Ela começou com uma carinha triste e a frase: "A Maria Luiza nem que mais ser minha amiga". Coube a mim investigar e entender o que tinha acontecido.

Se para muitos adultos não é fácil entender quando alguém diz que não quer ser seu amigo (mesmo que esse comunicação seja por meio de atitudes, e não verbal) imagine para uma pessoinha que acabou de fazer 3 anos?

Por favor não me venham com um: Ouw... a bichinha... Claro que nenhuma mãe quer que seu filho sofra nem fisicamente e nem emocionalmente, mas essas vivências são necessárias para o desenvolvimento do pequeno como ser humano.

Muitas vezes vejo mães tomando à frente e resolvendo os conflitos de relacionamento naturais entre as crianças, como por exemplo uma disputa por um brinquedo. Para que o “bichinho” não sofra a mãe vai lá e resolve por ele. Assim muitas crianças estão crescendo sem terem conhecimento do que é frustração, desapontamento, tristeza, melancolia. (Por sinal conheço alguns adultos que não sabem a diferença entre os 4 sentimentos que escrevi, nomeiam todos como “depressão”).

No entanto essa “proteção” toda acaba sendo mais prejudicial para a própria criança. O mundo não acha que ele é um “coitadinho”, as pessoas não vão tratá-lo como “o bichinho”.

Como atendo mães de diversas classes sociais e níveis de escolaridade gosto de ilustrar essa situação como o seguinte exemplo:

Imagine que você tem que aprender a lavar roupa, para começar você lava primeiro as peças íntimas (menores e com tecidos mais finos), depois passa para as camisetas, shorts, etc. Assim gradativamente você vai aprendendo a lidar com as dificuldades que vão surgindo.
Agora imagine que sua mãe não deixou que você lavasse nada, para que você não sofresse. O problema é que quando você cresce a vida exige que você saiba “lavar” e você vai ter que aprender começando por uma cortina de 2 metros (ou uma rede, pra quem é nordestino).


Se sempre que seu filho discute com um amiguinho, você vai lá interceder por ele, negociar no lugar dele, como ele vai lidar com a frustração de receber um fora da namorada, ou for demitido de um emprego? Certamente irá ser uma dor bem maior, já que ele nunca teve a oportunidade de senti-la numa gradação menor. É como dar uma "vacina"... a injeção dói (as vezes mais na mãe que na criança), mas a mãe sabe que é para o bem do seu pequeno.


Ah!...Voltando à história da Nadine na segunda-feira elas não mais se lembravam que estavam "de mal" e continuaram amigas :)

Cristine Cabral

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Travou...




"Esta mensagem de erro normalmente é causada por uma operação ilegal gerada por um processo que por algum motivo perdeu os dados ou o endereço de memória onde estavam guardados os dados. O sistema tenta aceder a esta informação, que é necessária para a continuidade do processo, mas que simplesmente não existe ou não é encontrada, fazendo com que gere um erro.

Por vezes a zona de memória onde está a informação foi utilizada por outro processo ou driver e quando o sistema tenta aceder essa mesma zona, encontra a informação errada." 

Não... não mudamos o tema do blog. Não nos tornamos um blog sobre Tecnologia da Informação. 

É que na hora de escrever hoje, foi assim que me senti... Travou! Deu erro na memória devido ao excesso de informação... Lista de compras da semana, Psicologia Social Crítica, Cardápio do dia com o que ainda tem, Habermas, Lista de comprar para o aniversário da pequena na escola, Teoria Crítica, Administração do Tempo, Crítica ao consumismo desenfreado, Problemas de outras pessoas as quais não tenho como ajudar e que de alguma forma me afetam, Escola de Frankfurt, Análise Funcional, Administração de conflitos, Administração financeira, Interrupções no meio de um raciocínio que estava indo as mil maravilhas,Todas as ideias de assuntos relevantes e interessantes para o blog, Trilha sonora da Galinha Pintadinha simultaneamente ao "instrumental" do notebook de brinquedo, Dificuldade de concentração que me acompanha desde sempre, Faxina e demais serviços domesticos...

Tudo junto e misturado e temperado com uma boa dose de ansiedade, um bocado de excitação, com cobertura de felicidade. :)

Pois apesar de tudo isso que está rodando na minha cabeça, tudo isso me deixa muito feliz... feliz por ter minha pequena para cuidar e amar, feliz por estar adquirindo mais e mais conhecimento, feliz por ter tantas ideias boas que fica difícil escolher uma só.

Poderia estar estressada, irritada, mas escolho ver o lado bom de cada coisinha...

Agora vou reiniciar o sistema, deixar o cooler esfriar a CPU e quando voltar passar para uma outra tarefa que não exija tanto da máquina. Uma por vez já que o sistema operacional está em fase de atualização e não está com desempenho tal eficiente quanto de costume.

"Estamos em manutenção para melhor servi-las"


Cristine Cabral

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Seu filho não é seu!


“Como assim?! Claro que meu filho é meu!!!” Você deve estar pensando. A psicóloga pirou de vez!!! (risos)

O título tem mesmo a intenção de mexer e cutucar com as mãezinhas que nos visitam. Quando digo que ele não é seu, é que quero dizer que ele é DELE!

Claro que enquanto pequenos e sem entendimento dos perigos da vida cabe a nós, mães, resolver o que é o melhor para nossas crias. Mas e quando eles já passam a ter opinião própria? Muitas mães continuam planejando e pensando por seus filhos mesmo depois de que eles estão adultos e com suas próprias famílias. Se ele for do tipo rebelde vai viver em “pé de guerra” com a mãe. Se for obediente, poderá ter muitos problemas no casamento, caso a esposa pense diferente da sogra. Assim sendo, quando mais cedo entendemos que nossos pequenos são pessoas, indivíduos e passamos a tratá-los como tal, mais suave serão as mudanças, os momentos de crise que fazem parte do desenvolvimento (dele e seu).

Continuando o tema da terça-feira passada com relação aos meus sonhos e os sonhos que a Nadine ainda nem tem... se me policio para não colocar nela as MINHAS expectativas o que procuro fazer é criar oportunidades de contato com tudo que possa vir a ser interessante e que está ao alcance. Por exemplo: pretendo colocá-la para fazer natação ano que vem (mais por segurança que por qualquer outro motivo). Pode ser só mais uma diversão, ou quem sabe ela toma gosto? Assim como pode ser que tome gosto por balé, ou judô, ou caratê, ou piano, ou quaaaaaalquer outra coisa que quando estiver maior e souber dizer no que tem interesse.

O importante é ficar atenta à criança e não aos seus sonhos. Estimular é importante, mas também deve ser interessante para a criança, se não pode virar punição. Quando Nadine tinha mais ou menos 1 ano e descia com ela para brincar no pilotis do prédio comecei a ensinar as cores mostrando os carros dos estacionamento, mas ela não se interessou tanto pelas cores, mas mais pelas letras e números das placas. Isso quer dizer que ela tem mais tendencia para ser escritora que ser artista plástica??? Isso significa NADA!!!

Um dos sonhos que me dá mais orgulho é que ela possa vir a ser uma escritora (Meu sonho infantil de carreira frustrado (pelo menos por enquanto)), mas esse sonho é MEU, não DELA.

No entanto os modelos que cercam o mundo da criança podem ser fatores decisivos. Eu gosto muito de ler, de escrever, de trabalhar com gente, já o pai dela trabalha com tecnologia da informação, tem um skate em casa, mesmo que esteja “aposentado” da atividade. Os avós paternos são bastante religiosos e ativos em movimentos de evangelização, a avó materna é extrovertida e gosta de viagens e festas enquanto o avô materno é tímido, sensível e também gosta de escrever. A minha pequena tem um leque bem diferenciado e pretendo ampliá-lo sempre mais e mais.

Cristine Cabral

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Sonhos de Mãe


“Eu não quero nada para a Nadine.” Quando eu digo isso, os julgadores de plantão, ou os que se contentam com poucas informações e emitem opiniões sem maiores aprofundamentos dizem logo: “Que mãe desnaturada, irresponsável!” 

E eu acho graça!!!

Veterinária
Bailarina
Eu não quero nada por que quem tem que querer é ELA!


Quem me conhece no mundo real (além do virtual) e está na minha lista de amigos do facebook tem acesso ao álbum “Que será que, quando crescer, Nadine vai ser?” no qual compartilho diversas fotos dela nas mais variadas situações, que me fazem lembrar alguma profissão ou alguma característica pessoal. Tem fotos dela com dias de nascida e até hoje sempre aparece uma nova situação. Na maioria das vezes em meio às brindeiras, ou observações dela.

Decoradora
 Acho muito divertido sonhar com um mundo de possibilidades que existem e que ela pode escolher. Mas não tenho um sonho preferido. Tipo: “Meu sonho é que ela seja médica, juíza, diplomata, etc, etc, etc. Sonho que ela seja FELIZ. O caminho cabe a ela escolher. E meu papel será estar ao lado para dar todo o auxilio, informação, suporte e tudo mais que estiver ao meu alcance para ajudá-la.

Então se ela quiser ser atleta, dançarina, artista plástica, não direi a ela que “Essas coisas não dão dinheiro.” Direi “Com essas coisas, precisa de mais tempo e mais dedicação até que se consiga ganhar dinheiro.”. Se ela quiser ter uma profissão mais formal estarei sempre disponível para apoiá-la nos momentos em que as coisas ficarem difíceis e ela tiver vontade de desistir do sonho dela... seja lá qual for.

Intelectual
Entendo que se uma pessoa faz algo por amor, certamente vai fazer muito mais bem feito do que quem faz por obrigação (ou só por dinheiro). E se faz bem feito, o reconhecimento é uma questão de tempo (que varia muuuuuuuuuito) e o sucesso profissional será uma consequência natural.

Claro que vou babar até a morte, me inflar de todo orgulho que uma mãe pode ter,  se um dia o reconhecimento que ela venha a receber seja uma medalha olímpica, um Grammy, um Oscar, ou um Nobel (de física, ou literatura, ou da paz). Mas desde que estes sejam apenas uma consequência de um trabalho bem feito e não um fim em si.

Assim como ficarei um tanto desapontada se ela escolher ser uma "Mulher Fruta" do Funk, ou uma Panicat (Assistente de palco de um programa chamado Pânico cujas moças têm como principal atributo exibir-se de biquines minúsculos e se exporem em situações vexatórias.). Mas como disse anteriormente, se essa for a escolha dela e ela acreditar realmente que será feliz, esterei ao lado para apoiá-la depois de conversarmos sobre todas as vantagens, desvantagens, possibilidades e consequências. Pode ter alguém que esteja pensando agora que esta conversa seria para que eu mude a cabeça dela. No entanto já tenho uma certa prática de entender o ponto de vista do outro (a profissão e a vida têm me ensinado isso). Entender não significa concordar, mas apenas respeitar. Por outro lado vou comentar, como me sentirei caso a escolha dela seja algo parecido, mas que isso não muda coisa alguma entre nós.

Ainda não é hora de pensar nisso, como o título diz... tudo isso são Sonhos de Mãe. 

Na próxima terça-feira vou falar de como estou atenta para o desenvolvimento da minha pequena.  Minha palavra de ordem não é estimular e sim oportunizar. 

Não perca!!! (risos)

Cristine Cabral

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Mãe de primeira viagem

A maternidade é algo que encanta e sempre encantará muitas pessoas o que vem a seguir a ela é que nem sempre é tão encantador. Costumo dizer que repetiria tudo para ter minha filha, mas que foi duro foi! Mudei e amadureci muito nos primeiros meses e apesar  de já ter 31 anos quando a Eduarda nasceu não tinha muita experiência com crianças.
Devem estar a se perguntar; mas afinal foi bom ou não foi? (risos). Sim foi! Hoje já consigo rir do primeiro mês com a Duda em casa ela chorava até 1h da manhã todos os dias até descobrirmos que o meu leite não estava sendo suficiente.
Como moro fora não pude contar com o suporte social da família, mas tive a Grande, Grande sorte de ter meus pais aqui comigo. Sou e serei eternamente grata pela presença deles.
Muitas mulheres se sentem inseguras com as mudanças do corpo, como o relacionamento com os maridos... com isso e aquilo e mais isso que nem conseguem curtir a gravidez. Acho que com tantas mudanças sociais a maternidade tem deixado de ser vista como algo que é "natural" para se tornar um "bichinho de sete cabeças". Mas como? Bem, antes dos filhos nascerem escuto pessoas antecipando todas as mudanças, todo o trabalho que vão ter, no sono que vão perder ...  que me pergunto, mas afinal querem ter filhos ou não??!
Percebem onde quero chegar!?! Acompanho alguns casos de negligência e violência contra a criança e cada vez mais penso...existem pessoas que deveriam ser proibidas de terem filhos. Sério!

Eu tive alguns problemas, os pontos da cesariana inflamaram, tive mastite e por isso só consegui amamentar a Duda até os 3 meses... contudo nada conseguiria superar o meu amor pela minha filha e alegria de ser mãe.
O tempo que tenho com ela e quando estou com ela não considero trabalho e sim responsabilidade, cuidado, eu quis ser mãe assumi esse compromisso e para mim o que faço para ela é natural. E sei que muitas pessoas também partilham desse pensamento, que bom!
Meu marido também meu deu muito apoio e recordo que foi ele quem deu o primeiro banho na Eduarda. Somamos imensa alegria e amor em nossas vidas.
E quanto as dúvidas com relação ao relacionamento do casal, claro que muda, mas essa mudança pode ser vista com maturidade e cumplicidade. Algumas mães deixam os maridos de "lado" para estar com o filho, uma dica é envolver o pai em algumas tarefas ou atividades diárias da criança.
Porque não a hora do casal? Durante a semana eu saía do curso e ia almoçar com o meu marido...
Apesar de não termos babá conseguimos ter as nossas horas e também adoramos estar com a nossa filha. Por diversas vezes tentei sair só com o Tino e ele dizia; "mas a Eduarda gosta tando de estar conosco". (risos).
Mamães de primeira viagem... não existe receita de bolo para o funcionamento de um casal... mas se houver amor e principalmente cumplicidade (diálogo) tudo fica mais fácil...

Saudações de terras lusas.

Taciana Ferreira



terça-feira, 16 de outubro de 2012

Punir, só, não resolve

Nós vivemos numa sociedade punitiva. Isso é um fato. Exemplo: a pessoa passa o ano inteiro chegando cedo, saindo depois da hora, mas se chega um dia, uma horinha atrasada (não importa o motivo) é chamada atenção, talvez até tenha algum desconto no salário.

Nosso trânsito (aqui em Fortaleza (CE), pelo menos) é um problema. Além das questões de planejamento, de investimento no transporte público, do consumismo, considero que deve ser levado em conta também a educação com base na punição. É incrível a quantidade de carros estacionados em local proibido. É como se todo mundo pensasse: “Se não tem ninguém pra me multar, então posso fazer.” O pensamento: “Será que estarei atrapalhando muita gente?” fica em segundo plano, ou nem ao menos é cogitado.

Essa é uma possível consequência de uma educação baseada na punição. A pessoa não aprende o certo e o errado, não pensa se vai ou não prejudicar alguém, só pensa se será capaz e como fará para escapar da punição.

A 1ª lembrança que tenho de que fiquei de castigo (provavelmente devo ter ficado várias vezes antes disso, mas esta é a minha primeira lembrança) foi ficar sem assistir TV. Nessa época minha mãe tinha um salão de beleza de “fundo de quintal” e era o lugar mais longe da TV. Achei ótimo ficar lá, ouvindo as conversas das clientes e manicures. E vi que ficar sem TV não era tão ruim assim.

A proporção que fui crescendo os castigos foram variando, mas sempre encontrava uma forma de me adaptar e acabava encontrando uma forma de me sentir bem. Os principais motivos dos meus castigos eram minhas constantes notas baixas (detalhe: reprovei a 7ª e também a 8ª séries do antigo 1º grau maior (é o novo!? (risos)) e o fato de nunca arrumar o quarto.

Imagino como deve ter sido frustrante para a minha mãe não conseguir com que eu fizesse o que ela queria. Sei que ela fez o melhor que sabia, afinal não fez uso das cordas, cintos e colheres de pau dos quais ela mesma foi vítima.

Antes que comece a gerar uma crise geral de culpa (principalmente na D. Marizete, (risos)). Uma coisa deve ficar bem clara. A consequência da punição tem mais a ver com os pensamentos e sentimentos de cada filho do que na escolha do castigo a ser aplicado.

Serei mais clara: o fato de conseguir me adaptar às situações adversas desenvolveu em mim, o que nós comportamentais, chamamos de variabilidade comportamental. Ou seja, consigo encontrar outro caminho para conseguir o que quero, ou consigo mudar de foco (encontro reforçadores equivalentes) muito facilmente. Por mais “terrível” que pareça a situação, logo encontro uma ótima saída.

Então: o que minha mãe fez acabou fazendo com que eu desenvolvesse uma característica muito mais útil e satisfatória para minha vida como um todo. O gosto pelos estudos acabei desenvolvendo naturalmente quando cheguei na Psicologia e vi assuntos que realmente me interessavam. Quanto ao quarto, é bagunçado até hoje. Mas quem liga? (risos)

No entanto, tudo isso é como EU lidei. Certamente meus irmãos tiveram sentimentos e pensamentos bem diferentes dos meus, ou não (?). Mas acredito que sim, já que as escolhas e os gostos de ambos são diferentes na maioria das vezes.

Mas e então? Se não é pra por de castigo, se não pode dar palmada, o que eu faço agora?????

Dê atenção ao CERTO!!!

Quando seu filho fizer qualquer coisa que ele se orgulhar e que vier lhe mostrar, esteja disponível para um lindo elogio. Nada mais frustrante que chegar para mostrar um 10 em matemática e ouvir um: “Você não fez mais que a sua obrigação”. Quando os irmãos, que vivem em pé de guerra, estiverem brincando juntos, pare o que está fazendo e vá até lá dar um beijo em cada um e diga como você fica feliz em ver os irmãos unidos.

Não é por que a nossa sociedade é punitiva, que isso deva ser perpetuado. Nossa sociedade acaba que valoriza muito o erro, enquanto o acerto “não é mais que a sua obrigação”.

Quem não gosta de elogio? Quem não erra? Alguém aqui conseguiu andar, sem cair, aprendeu a escrever sem usar a borracha? O erro faz parte da aprendizagem. E não deve ser carregado de culpa e sim corrigido para que não se repita... quantas vezes forem necessárias. E sim, algumas vezes a punição poderá ser usada, dependendo do caso. Porém deve ser a exceção e não a regra.

Que "mundo" você está carregando?
Já errei muito e ainda vou errar, inclusive no papel de mãe, mas todas nós mães (e pais também) temos que colocar na cabeça que ninguém é 100% responsável pela felicidade ou infelicidade dos filhos... isso depende mais dos sentimentos e escolhas de cada um deles.

Então mãezinhas, que tal dar umas férias à culpa? Que tal treinar o seu olhar para as coisas boas? Não só as que seu filho faz, mas também as que VOCÊ faz, o maridinho faz e seja lá quem mais está do seu lado faz.

Se não gostou, se viu algo errado, fique a vontade para fazer suas colocações. E se gostou do texto, que tal um elogio, ãh? (risos)

Cristine Cabral