terça-feira, 1 de outubro de 2013

5? 8? 12 Filhos? Como essas mães conseguiam?

Família Andrade da Cidade de Bom Repouso Minas Gerais
Crédito da foto: http://viverembomrepouso.blogspot.com.br/
Não precisa ser a pessoa mais bem informada para saber que a taxa de natalidade vem diminuindo ao longo dos anos. E as mães de hoje frequentemente se perguntam: "Como alguém conseguia dar conta de 10 crianças se para dar conta de 2 fico exausta?"

As crianças são crianças independente da cultura ou da época, mas o ambiente no qual estão inseridas é que molda o comportamento destas e de suas mães.

Antigamente quando uma mulher se descobria grávida do seu 1° filho seu enxoval se resumia à algumas dúzias de fraldas de pano, alguns cueiros e roupinhas normalmente confeccionadas e bordadas por ela mesma ao por uma das avós. Como o 2° não demorava muito então não havia necessidade de refazer tudo, no máximo substituir as peças mais gastas. 

Também não passavam muito tempo se preocupando com todas as coisas que hoje em dia fazem parte da nossa rotina. Não havia a necessidade de calcular se a cada refeição as crianças estavam consumindo a quantidade adequada de nutrientes, se a proporção de carboidratos e proteínas estavam corretas. Bastava saber que as crianças não estavam com fome.

Quanto ao consumo de frutas, para que estimular, se isso já era parte da diversão? Subir nas árvores frutíferas e consumir direto do pé. As bactérias não eram um problema, bastava passar a mão, ou na roupa, ou no máximo uma lavada rápida na água da torneira.

Conservantes e corantes? Absolutamente inúteis, visto que todas as guloseimas eram preparadas em casa. Bolos, compotas, doces e biscoitos acabavam na mesma hora e a cor não importava, já que se sabia que estaria gostoso.

Pisada correta? Cava do pé? Se o menino não mancava é por que estava normal. Curva de crescimento? Bastava saber que as roupas e calçados não serviam mais... sinal que cresceu e engordou.

Gastar dinheiro com brinquedos. Bastava ensinar as meninas a fazerem bonecas de pano, ou de sabugo de milho, os meninos a fazerem carrinhos, de rolimã ou não, cavalinhos de cabo de vassouras. E só se davam o trabalho de ensinar os mais velhos se não tivesse nenhum primo mais crescido para essa função. Fora as brincadeiras inventadas. Não havia criança "hiperativa", pois por mais agitada que fosse havia espaço de sobra para gastar todas as energias correndo, subindo em árvores, tomando banho em rios, açudes, ou no mar.

E a proporção que as crianças iam crescendo isto significava ajuda nas tarefas. Seja no trabalho pesado no caso das mais pobres, ou no trabalho doméstico para as meninas com algum poder aquisitivo, enquanto para os meninos era a aprendizagem de um ofício. A filha de 15 anos cuidava da irmãzinha de 2 anos. O filho de 18 anos já ajudava financeiramente nas contas da casa.

Preocupação com o futuro também não era uma constante. Não havia tempo, pois estavam ocupadas em educar seus filhos, transmitindo os valores adequados, dentre os quais o respeito aos mais velhos. E quando estes filhos cresciam sabiam retribuir o amor, o trabalho e o dinheiro gasto com eles e cuidavam de seus pais na velhice. Lembrando que a expectativa de vida era significativamente bem menor que a de hoje.

As mães mais antenadas e bem informadas podem estar pensado: "Ainda bem que meus filhos não nasceram nessa época.", "Ou não é a toa que a taxa de mortalidade infantil era também bem maior". As mães mais desencanadas, despreocupadas podem estar pensando "Isso sim é que era infância! Pobre das crianças de hoje que vivem presas em suas casas."

Procurei ser o mais imparcial possível, pois meu objetivo não é dar qualquer juízo de valor, nem para a maternidade do século passado, nem para a nossa contemporânea. Só que responder o mais objetivamente como era possível.

Agora o que ficou na minha cabeça é se essas mães do passado tinham esse sentimento de culpa que muitas carregam hoje em dia. Eu não cheguei a conhecer nenhuma das minhas avós, ambas já haviam morrido quando eu nasci. Mas se você tem uma avó, ou bisavó que teve muitos filhos pode perguntar isso a ela. E se puder voltar e me dizer o que ela respondeu, agradeceria muito.

Não existe jeito certo (embora exista sim o jeito errado) de ser mãe. Mãe é mãe e ponto final. 

Cristine Cabral

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