terça-feira, 11 de junho de 2013

A primeira palmada

Depois de 3 anos, 6 meses e 27 dias dei a primeira palmada. Na verdade foi mais um "peteleco" de três dedos. Mas que cumpriu a função de palmada.

Já há alguns dias ela vinha me desafiando, testando os limites. Comportamento normal para a idade. Eu com a mesma postura de sempre. Ignorando quando tentava me controlar pelo choro. Contendo e explicando sempre que a mãozinha levantava. Explicando sempre que ela tem todo o direito de ter raiva, que isso é um sentimento que todo mundo tem e que faz parte da vida, que podia chorar o quanto quisesse, mas não podia de forma nenhuma, nem bater em ninguém, nem jogar as coisas no chão.

Estava de uma forma que praticamente todos os dias tinha um "teste": "Mamãe, eu não quero essa comida."; "Mamãe não quero que você fique no computador." Frases corriqueiras, mas o diferencial estava no tom. Praticamente uma ordem.


Então no sábado passado fomos ao shopping depois da vacinação. Fizemos algumas compras, tomamos sorvete, etc. Na volta resolvi passar em um drive thru e comentei que a gente ia passar nesse lugar no caminho para casa e ela foi categórica: "Não quero que você compre nada lá." E eu nem liguei.

No caminho ela acabou dormindo. Comprei o que queira e quando chegamos a acordei para ir andando, já que tinha as coisas para trazer para casa. Quando entramos em casa ela percebeu a caixinha e reclamou: "Eu disse que não era pra comprar." E eu calmíssima: "Ok. Você não come, mas eu vou comer." e fui para o quarto para trocar de roupa e a deixei na sala chorando.

Quando estou prestes a sair do quarto encontro com ela quase na porta, com a caixa de comida na mão, chorando e enquanto dizia "Eu não quero isso!!!" jogou a caixa no chão. Nessa hora a "Psico" foi para o beleleu e ficou só a mãe. O milésimo de segundo de retorno a consciência foi suficiente para controlar a força.

Reconheço que só dei a palmada mesmo devido ao descontrole emocional. Fique com muita raiva mesmo da atitude dela. E continuo 100% contra a palmada. Mantenho todos os argumentos de escrevi na postagem A Palmada

No mesmo instante o choro mudou, e ela pediu desculpas. Pedi que ela ficasse sentada enquanto eu me acalmava. E mais calma voltei. Primeiro dei um abraço, pois percebi que ela estava muito sentida, ela pediu desculpas de novo e sentei para explicar o que tinha acontecido. Expliquei mais uma vez que ela pode ficar com raiva, mas não pode jogar as coisas no chão, principalmente comida. Disse que não gostei de ter feito o que fiz, mas foi a atitude dela que me tirou do sério. Que não quero nunca mais ter que fazer isso, mas para isso não acontecer mais ela tinha que me prometer que não ia mais fazer isso. Fizemos as pazes, ela me pediu desculpas mais uma vez e fomos comer o que eu tinha comprado.

Este post de hoje tem a função de mostrar que mesmo a criança mais calma, tem seus dias de desafiadora e toda e qualquer mãe vez por outra faz alguma coisa que não queria fazer e se arrepende. Coisas assim fazem parte do desenvolvimento. Ela estava testando um padrão de comportamento, que se não tivesse sido controlado poderia se desenvolver até a níveis prejudiciais. Principalmente para ela mesma.

A palavra chave aqui é respeito. Eu devo respeitar o sentimento dela, mas ela também deve respeitar-me e a qualquer outra pessoa. 

O que não pode haver é sentimento de culpa, nem minha, nem dela. Nós duas erramos, mas todo o episódio serve de lição a ser lembrada.

Espero que não volte a acontecer... mas não dá para prometer...

Cristine Cabral



2 comentários:

  1. Cristine, conheci o blog ha pouco, estou adorando a leitura, obrigada por nos passar sua experiência... Olha, tenho um menininho de 2 anos e 9 meses, ele é o caçula de quatro irmãos beeeem mais velhos (14, 15 e 15 anos), mas ele se comporta como se fosse filho único, dono de tudo e de todos, mandão e manhoso... Juro que tento, mas tem dias que tenho que coloca lo de castigo a cada 3 horas. Socorro!! rs

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    1. Rosana, obrigada pelo seu comentário. Ficamos felizes em saber que gostou do nosso texto.

      Quanto a sua dúvida, incluiremos na nossa pauta de posts futuros. Mas um outro post mais antigo pode dar alguma ajuda até lá:

      http://psicomaes.blogspot.com.br/2012/11/ouwnnn-o-bichinho.html

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