terça-feira, 25 de junho de 2013

Sala de espera

Ontem levei a minha pequena à pediatra que atrasou os atendimentos, somado a isso cheguei mais cedo do que a hora marcada, assim ficamos um certo tempo na sala de espera. Enquanto não entrava fiquei observando o comportamento das outras crianças e seus pais.

Quando chegamos só havia uma menina na sala, mais ou menos 1 ano e meio, brincava com um puff sozinha enquanto pai e mãe tinham os olhos grudados em seus respectivos celulares. Depois de um tempo o pai guardou o dele e sempre que a mãe tentava ver algo ele punha o dedo no celular dela. Até que ela deu um tapinha no ombro dele enquanto dizia "Para abestado!"

Em seguida chegou um menino, mais ou menos da mesma idade. Uma criança muito simpática que sorria para todos e logo se aproximou da menininha começaram a interagir sempre sob os olhos atentos da mãe dele. Brincaram um tempo e ele começou a jogar umas pecinhas de madeira, a mãe logo tomou a atitude de dizer que não era assim que brincava e o levou para o outro lado da sala onde não havia brinquedos.

Pouco antes da menininha entrar no consultório chegou outra mãe com um casal de filhos, acompanhada de outra pessoa (avó das crianças, tia, ou só uma amiga mesmo) a menina devia ter entre cinco e seis anos e o menino não mais que um. A menina sentou-se e ficou quieta com as coisas que havia em cima da mesa, enquanto o pequeno brincava com os outros dois menores. Dentre as distrações que havia para as crianças, tinha um bloco de desenhos para colorir, a mãe do casal contou algumas folhas, destacou e pôs em baixo da bolsa. Achei muito interessante quando a menina viu e disse "Mamy, isto é para as outras crianças. Não podemos levar. É daqui da mesa para quem quiser." e a resposta foi "Mas tem bastante filha. Estou levando para você colorir em casa." A menina continuou argumentando e só se deu por satisfeita quando a mãe disse que iria perguntar a recepcionista se podia levar. O comentário da acompanhante para mim foi "Essa menina é um caso sério." e eu respondi "Não, ela é um caso CERTO."

Atenção!!!!! Estas situações não qualificam as mães em boas ou más, nem em melhores ou piores. Não se pode julgar quem quer que seja por uma única observação de menos de uma hora.

Meu objetivo neste post é chamar atenção aos modelos que são oferecidos às crianças. No primeiro caso, não será surpresa nenhuma se a criança chamar algum amiguinho de "abestado", ou aprenda a "implicar" para conseguir atenção. Mas a segunda menina já demonstra que o modelo da mãe não é o único determinante do comportamento de uma criança. 

Confesso que fiquei interessada em saber como a menina aprendeu a ter esta consideração com as outras crianças, pois a mãe e a acompanhante disseram que é uma constante, até mesmo nas festas de aniversário a menina não deixa que as pessoas se apossem de muitos doces. Sempre com o argumento que pode faltar para outras pessoas. Ali não era o local e nem o momento para uma coleta de informações para posterior análise funcional e tive que me contentar com as informações espontâneas das adultas e dos comportamentos possíveis de serem observados.

Fica a minha admiração àquela menina que não só demonstrou empatia com pessoas que ela nem conhecia, como não se importou de corrigir o comportamento da mãe na frente de estranhos e a firmeza de não abrir mão da sua opinião. Espero que ela cresça com esses valores, que seja um bom modelo para o irmãozinho (e para a mãe também, por que não?). E gostaria muito de encontrar mais adultos que pensassem e se comportassem como ela. Nossa sociedade está carente de pessoas quem pensem nos outros antes de pensar em si mesmas ou nos seus parentes.

Cristine Cabral

P.S. A minha filha ficou o tempo todo ao meu lado, também observando as crianças. Que será que ela achou?

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