terça-feira, 26 de março de 2013

Contar ou não contar?

Seguindo com o tema adoção.

A pessoa que nos mandou essa sugestão de tema, nos perguntou qual a hora certa de contar e como contar. 

Acredito que quanto mais cedo a criança souber melhor, principalmente para que não fique aquela sensação de que os pais passaram a vida inteira mentindo. A mágoa muitas vezes é mais pelo sentimento de ter sido enganado, do que propriamente o fato de ser adotado.

O "como" pode ser ajudado pela fantasia. Exemplo:


"Era uma vez uma moça que se sentia muito sozinha e então um dia uma fada madrinha trouxe para ela o melhor presente do mundo, o bebezinho mais lindo de todos..."
ou
"(a mesma moça, ou um casal) certa vez foram passear num jardim cheio de lindas crianças e eles escolheram a mais linda de todas para poder dar muito amor..."

Quanto mais próximo da realidade melhor, pois a proporção que a criança for crescendo e tendo curiosidade sobre sua história e as perguntas forem surgindo, mais "fácil" ficará para os pais contar os detalhes e para a criança fica melhor de transformar a fantasia em realidade.

Ressalto um fator de muita importância: se qualquer mãe deve ficar atenta aos comportamentos e sentimentos de um filho, a mãe de uma criança adotada deve estar mais presente ainda, conversar sempre com sinceridade sobre todos os assuntos inclusive a própria adoção. Só conversando muito se pode saber como a criança se sente com relação a este tema.

O ideal é que seja um assunto "normal" sem muitos melindres, ou medo de traumas. Lembrando que proteção demais as vezes é mais prejudicial para o desenvolvimento emocional, como já comentei na postagem "Ouwn, o bichinho..."

Certa vez soube da história de duas irmãs adotadas e uma delas havia se suicidado. E o comentário seguinte foi: "Mas a mãe nunca fez diferença entre elas. Tudo que fez pra uma fez pra outra"

Primeiro: mãe não tem culpa de tudo que acontece com os filhos, principalmente no que diz respeito a forma como eles se sentem. A mãe pode sim ser próxima, companheira, mas o comportamentos e sentimentos dos filhos dizem respeito a eles mesmos. Principalmente depois de adultos.

Segundo: o que levou a moça ao suicídio foi a depressão. A de verdade. Aquela patológica que precisa de medicação e acompanhamento terapêutico. Nenhum problema por si só leva uma pessoa ao suicídio. Se fosse uma relação de causa e efeito todos que passassem por isso encontrariam a mesma "solução".

Terceiro: a moça poderia ter problemas dos mais diversos e variados. Não necessariamente foi algo relacionado à adoção, ou a mãe... 

Outra pergunta que nossa leitora fez é se a escola deve ficar sabendo. Bom, depende. Se for um assunto tratado com naturalidade, provavelmente o assunto vai acabar sendo comentado. Se a criança for muito diferente fisicamente dos pais ou irmãos (não gosto de falar em raça, para mim quem tem raça é cachorrinho. Somos todos da raça HUMANA!) é só mesmo uma questão de confirmação de algo que já está constatado. 


Famosos, mesmo com filhos biológicos, estão dando este exemplo. Antigamente a adoção era um  tabu, comentado por julgadores maldosos como meio que a solução de uma "incompetência" biológica, ou por que "foi o jeito" por que as crianças eram colocadas nas portas. Infelizmente existe gente assim, independentemente do tema, vide o post "Inocentemente" indelicada Hoje, felizmente, é visto mais como um ato de amor do que qualquer outra coisa.

E se foi por amor, por que esconder?

Uma criança adotada não é uma "coitadinha" que foi abandonada pela mãe, é uma felizarda de ter encontrado uma mãe, um lar, uma família e muito amor.

Cristine Cabral

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