terça-feira, 9 de abril de 2013

Licença DA Maternidade

Ser mãe é estar sempre em estado de alerta. Mesmo quando as crianças estão dormindo, uma mãe dedicada está atenta se ouve algum choro, tosse, ou espirro. Levanta para verificar se não está com calor, ou com frio. E nos primeiros meses levanta só pra ter certeza de que o bebê está respirando. É um estado constante de observar se há algum risco, seja deles se machucarem, seja de fazer alguma "arte".

Na Análise do Comportamento existe o que chamamos de Saciação. Por melhor e mais importante que seja o reforço, caso permaneça de forma constante, sempre vai haver um momento em que o organismo irá ser saturado... ao ponto de se tornar aversivo.

E como mãe sente culpa por tudo, mesmo o que não está diretamente relacionado com a maternidade, imagine o tamanho da culpa de dizer a frase: "Estou cansada. Estou de 'saco cheio'". Principalmente para aquelas que tiveram dificuldades de engravidar, mas esta culpa está presente em praticamente todas. É um sentimento do tipo: não posso "renegar" meus filhos. 

Quando uma mulher está saciada da função de mãe, na rotina da maioria, existe uma "folga" deste papel. No momento em que estão desempenhando o papel de profissional, ou de esposa, etc. Por isso essa necessidade de uma licença "da" maternidade é mais sentida pelas mães de bebês, pelas mães 24/7 (24 horas por 7 dias na semana), ou pelas que tem mais de 2 filhos.

Mãe, antes de tudo, é um ser humano que tem necessidades inclusive de tirar uma folga da função de mãe. Importante: Estou falando em tirar folga da função e não tirar uma folga pura e simples. Explicando melhor: se você cuida da casa e trabalha fora e dia todo e a noite resolve se trancar no quarto para assistir na novela sossegada, você está tirando uma folga pura e simples, pois deu conta das funções de dona de casa e de profissional, mas ainda não "deu seu turno" na função de mãe.

A folga pura e simples também é necessária, mas quanto menores são os filhos, mais raras estas são. Eu, por ser separada tenho um facilitador para isto, já que todos os domingos a minha filha fica com o pai e quinzenalmente ela dorme lá. Meu domingos, na maioria, são folgas da maternidade, mas não são folgas pura e simples, visto que não tenho empregada, é quando faço tudo que ficou acumulado durante a semana de serviço doméstico. Mas dependendo do meu humor, ou de como foi a semana, ou mesmo da fase do ciclo hormonal, tiro minha folga pura e simples. Mesmo que deixe de fazer alguma coisa de casa, pois tirar essa folga é uma questão de saúde física e mental.

Quem nunca tira essas folgas corre o risco de ser injusta com os familiares. Quem é adepta da palmada, pode deixar escapar uma, mais pelo fato de estar emocionalmente descontrolada, do que propriamente pela travessura da criança. Provavelmente não vai ser a mais carinhosa das esposas. E a longo prazo estas questões podem trazer problemas de relacionamento, cobranças, etc.

Uma descanso é importante e necessário. É só uma questão de equilibrar e se organizar. Que tal uma viagem para namorar? Para crianças com menos de 1 ano, que precisam de mais atenção, as viagens podem esperar um pouco, mas um cinema, uma saída a noite são válidas, desde que com certa frequência. Se a criança já tem mais de 1 ano, 4 dias longe dos pais (desde que estejam com alguém de quem elas gostem e não só que seja da confiança dos pais) não tem problema e para crianças com mais de 7 anos, pode até ser  uma semana. Os adolescentes podem até gostar muito da ideia de ficar 15 dias (ou mais) sem os pais...
A quantidade de dias de folga que coloquei aqui são só sugestões, podem ser mais, dependendo da rotina da criança, se já está acostumada com a pessoa que vai cuidar dela nesse período. Ou precisa ser menos caso a criança tenha alguma necessidade especial, ou problemas de comportamento, etc. Cada caso é um caso.

Assim sendo, não sintam culpa por estarem cansadas. 

Descansem, divirtam-se.

Cristine Cabral

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