terça-feira, 16 de abril de 2013

Dedicação, supervisão, orientação, independência.


"Ele vai ser pra sempre o meu bebê."

Não gosto dessa frase e procuro não fazer o mesmo. Certa vez ouvi da mãe de um cliente que ela tinha escutado do pediatra da criança: "Este menino precisa ser promovido à idade que ele tem." Amei! Realmente isto acontece com muita frequência. Mães que não querem abrir mão de seus "bebês", mas a natureza não congela fase nenhuma. As crianças precisam ser tratadas de acordo com a idade que têm.

Faço uma ressalva neste ponto, pois existem crianças com dificuldades de desenvolvimento devido à síndromes ou deficiências, mas até estas devem ser "promovidas" de fase. Neste caso não levando em consideração a idade e sim as conquistas alcançadas.

Quando eles são recém-nascidos a dedicação da mãe para com o bebê é total. Ela praticamente deixa de ser qualquer outra coisa que não só e exclusivamente mãe. Porém com o passar dos meses já é possível ir passando da fase de dedicação para a de supervisão. Por exemplo, se o bebê já senta, a mãe já pode realizar alguma outra atividade, desde que esta possibilite uma supervisão do que a criança está fazendo. Quando chega a dar os primeiros passos, voltamos a fase da dedicação, pois com esta nova conquista as ameaças são outras.

Ou seja, a cada fase do desenvolvimento passamos por este ciclo: “Dedicação, supervisão, orientação, independência.” Atualmente estou na fase de supervisão na atividade  de tomar banho sozinha, deixo que ela passe o sabote, porém também dou a “minha geral”, as vezes ela pede para lavar os cabelos ela mesma, deixo e vou falando como deve ser. Daqui a uns meses passarei para a fase de orientação onde ficarei fora do box e ficarei apenas observando se faltou alguma coisa e para corrigir caso tenha feito algo errado. Até que ela conquiste a independência de tomar banho sozinha.

Dois aspectos são os mais comuns para mães que “atrasam” o desenvolvimento dos filhos.

  1. Leva tempo.  Muito mais rápido ela mesma dar o banho, pentear e arrumar do que esperar que a criança faça tudo no tempo dela e ainda passando por todas as tentativas e erros do processo.
  2. A mãe gosta de se dedicar aos filhos e não quer abrir mão de fazer essas coisas. Para estas a independência dos filhos soa como uma perda.
Mais de uma vez encontrei mães assim na clínica. 100% dedicadas. Tanto que quando perguntava o que elas gostam de fazer, a primeira resposta é sempre algo relacionado aos filhos e as vezes ao marido. E então refaço a pergunta salientando que quero saber dela, como pessoa, como mulher... algumas não têm resposta a esta pergunta.

Mas qual o problema de ser dedicada? Se ela gosta, se faz bem aos filhos?

A questão está nesse “bem”. Crianças que crescem sob este regime de dedicação total, podem se tornar tiranos. Adultos que pensam que a simples existência dele é suficiente para serem amados e que a outra pessoa tem o dever de cuidar deles. Pessoas que se consideram mais importante que qualquer outra. Ou podem ser adultos totalmente dependente. Adultos que não são capazes de resolver qualquer problema, pois os pais sempre estiveram alerta para evitar qualquer tipo de conflito e se mesmo assim algo acontecesse os “heróis” estavam sempre a postos para resolver o que quer que fosse.

"Nossos filhos não são nossos. Eles são filhos da vida ansiando pela vida." F. Nietzsche

Caso queira ler mais sobre o assunto, o post "Ouwnnn... o 'bichinho'..." pode ser interessante.

Cristine Cabral

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