"Ele vai ser pra sempre o meu bebê."
Não gosto dessa
frase e procuro não fazer o mesmo. Certa vez ouvi da mãe de um cliente que ela
tinha escutado do pediatra da criança: "Este menino precisa ser promovido
à idade que ele tem." Amei! Realmente isto acontece com muita frequência.
Mães que não querem abrir mão de seus "bebês", mas a natureza não
congela fase nenhuma. As crianças precisam ser tratadas de acordo com a idade
que têm.
Faço uma ressalva
neste ponto, pois existem crianças com dificuldades de desenvolvimento devido à
síndromes ou deficiências, mas até estas devem ser "promovidas" de
fase. Neste caso não levando em consideração a idade e sim as conquistas
alcançadas.
Quando eles são recém-nascidos a
dedicação da mãe para com o bebê é total. Ela praticamente deixa de ser
qualquer outra coisa que não só e exclusivamente mãe. Porém com o passar dos
meses já é possível ir passando da fase de dedicação para a de supervisão. Por
exemplo, se o bebê já senta, a mãe já pode realizar alguma outra atividade,
desde que esta possibilite uma supervisão do que a criança está fazendo. Quando
chega a dar os primeiros passos, voltamos a fase da dedicação, pois com esta
nova conquista as ameaças são outras.
Ou seja, a cada fase do
desenvolvimento passamos por este ciclo: “Dedicação, supervisão, orientação,
independência.” Atualmente estou na fase de supervisão na atividade de tomar banho sozinha, deixo que ela passe o
sabote, porém também dou a “minha geral”, as vezes ela pede para lavar os
cabelos ela mesma, deixo e vou falando como deve ser. Daqui a uns meses
passarei para a fase de orientação onde ficarei fora do box e ficarei apenas
observando se faltou alguma coisa e para corrigir caso tenha feito algo errado.
Até que ela conquiste a independência de tomar banho sozinha.
Dois aspectos são os mais comuns
para mães que “atrasam” o desenvolvimento dos filhos.
- Leva
tempo. Muito mais rápido ela mesma
dar o banho, pentear e arrumar do que esperar que a criança faça tudo no
tempo dela e ainda passando por todas as tentativas e erros do processo.
- A mãe gosta de se dedicar aos filhos e não quer abrir mão de fazer essas coisas. Para estas a independência dos filhos soa como uma perda.
Mais de uma vez encontrei mães
assim na clínica. 100% dedicadas. Tanto que quando perguntava o que elas gostam
de fazer, a primeira resposta é sempre algo relacionado aos filhos e as vezes
ao marido. E então refaço a pergunta salientando que quero saber dela, como
pessoa, como mulher... algumas não têm resposta a esta pergunta.
A questão está nesse “bem”.
Crianças que crescem sob este regime de dedicação total, podem se tornar
tiranos. Adultos que pensam que a simples existência dele é suficiente para serem amados e que a outra pessoa tem o dever de cuidar deles. Pessoas que se consideram mais importante que qualquer outra. Ou
podem ser adultos totalmente dependente. Adultos que não são capazes de resolver
qualquer problema, pois os pais sempre estiveram alerta para evitar qualquer
tipo de conflito e se mesmo assim algo acontecesse os “heróis” estavam sempre a
postos para resolver o que quer que fosse.
"Nossos filhos não são nossos. Eles são filhos da vida ansiando pela vida." F. Nietzsche
Caso queira ler mais sobre o assunto, o post "Ouwnnn... o 'bichinho'..." pode ser interessante.
Cristine Cabral
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