terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Vida de Mãe

Sabe quando você quer muito ir para uma festa? Passa dias e dias esperando, sonhando, imaginando, planejando... e quando você está já na calçada tem aquele frio na barriga com a expectativa de que vai ser tudo lindo, super divertido, que vai viver emoções maravilhosas, que vai querer prestar atenção em tudo para poder relembrar de cada detalhe. E então você finalmente está lá. A festa ainda está no começo, ainda tem poucas pessoas, mas a música, decoração, comida... está tudo perfeito e só tende a melhorar.

Isso é a maternidade para mim.

Esperei muitos anos por isso. Ser mãe foi algo que sempre quis. Todas as outras coisas eram secundárias, ou eram só um meio para conseguir o meu objetivo principal.

Lembro de um dia, devia ter uns 13 ou 14 anos e passava na TV uma propaganda de uma loja de artigos para bebês e o locutor falava algo como "tudo que seu filho pode querer". O comentário dos meus irmãos foi: "Não mesmo. Aí não tem nada que eu possa querer"ou coisa parecida. Nesse momento me percebi que a propaganda não mais me afetava no papel de filha, mas já de mãe. E notei que esse era sim o meu maior sonho. Nunca sonhei com grandes casas, carros, viagens, morar fora, status pessoal ou profissional, tudo isso como disse antes, ou era secundário, ou seria meio para conseguir ser mãe, ou uma mãe melhor.

E então aqui estou na minha festa e não tenho pressa nenhuma que ela acabe, nem mesmo que chegue na metade. Nunca fiquei nervosa ou amedrontada com a maternidade. Mesmo crescendo ouvindo que ter filho dá muito trabalho, que exige muito da pessoa. Tinha certeza que era o que eu mais queria. E que daria conta sem sofrimento, sem ansiedade.

Assim sendo as leituras sobre o assunto sempre me interessaram muito, mesmo quando não havia nem expectativa de quando seria a minha vez de ser mãe. Li sobre fecundidade, probabilidades, possíveis dificuldades, sobre como é cada semana de gestação, que mudanças ocorrem semanalmente no corpo da mãe e do feto, sobre que cuidados se deve ter com recém-nascido, que dificuldades podem aparecer para amamentação, etc, etc, etc.

As crianças sempre me fascinaram, lembro que por volta dos 10 anos, não podia ver um bebê que queria pegar no colo. Nunca tive receio de pegar recém-nascidos. Tanto que escolhi uma profissão que me cercasse delas e que pudesse ajudá-las de alguma forma. E acho que esta é uma das minhas missões como psicóloga: ajudar as crianças em suas dificuldades, ajudar às mães a entenderem o que se passa com seus filhos e com elas mesmas, ajudar a melhorar as relações familiares, ajudar a construir um futuro melhor para nossa sociedade, ajudando na formação desses futuros cidadãos. É uma gota no oceano a minha contribuição. Mas sinto que estou fazendo a minha parte (que não é só o que descrevi aqui, é muito, muito mais) na construção de um mundo melhor.

Nem sei bem porque estou escrevendo sobre isso... acho que fiquei sensibilizada com o nascimento da minha sobrinha. Quando o irmão mais velho dela nasceu, foi no mesmo mês em que "cheguei na minha festa" e a dúvida sobre se um dia vou reviver todas essas emoções sempre me deixa um pouco assim... a considerar as possibilidades que a vida pode me trazer.

O que será que o futuro me reserva?

Mas não vou me "pré-ocupar" com isso. Como eu disse no post  2013 será... vou tratar de me ocupar. Ocupar-me em curtir o presente, em aproveitar a minha festa. Cuidar da minha pequena é o meu maior prazer e a minha maior realização.

Cristine Cabral

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